Caramuru confirma R$ 2,2 bilhões de investimento com a Lei do 'Combustível do Futuro'
09-10-2024

Os investimentos da Caramuru já foram anunciados separadamente e serão feitos em seis áreas — Foto: Caramuru/Divulgação
Os investimentos da Caramuru já foram anunciados separadamente e serão feitos em seis áreas — Foto: Caramuru/Divulgação

CEO afirma que aprovação da lei dá respaldo para novos projetos

Por Fernanda Pressinott — São PAulo

Caramuru Alimentos, uma das maiores processadoras de grãos com capital 100% nacional, confirmou um pacote de investimento de R$ 2,2 bilhões, após a aprovação do Projeto de Lei do “Combustível do Futuro” (PL 528/2020). Em evento nesta terça-feira (8/10) em Brasília, o presidente Lula sancionou a lei que estabelece a criação de programas voltados ao incentivo e desenvolvimento de combustíveis verdes, incluindo etanolbiodieselbiogás e outras fontes renováveis.

"Sempre acreditamos na política energética do país, mas a aprovação da lei nos dá respaldo para manter os investimentos e pensar sempre em novos", disse à reportagem o CEO da Caramuru, Júlio Costa.

Com faturamento de R$ 7,6 bilhões no ano passado, o mesmo que deve fechar este ano, a Caramuru concentra seus investimentos em vender não apenas grãos, mas produtos de valor agregado. Do total originado de soja pela empresa, 40% vai para o exterior, mas apenas 10% em forma de grãos.

Atualmente, 30% da receita da companhia vem de biocombustíveis , percentual que deve aumentar com o início das operações da fábrica de etanol de milho, em 2026.

Os investimentos da Caramuru já foram anunciados separadamente e serão feitos em seis áreas:

  • Planta de Produção de Proteína Concentrada de Soja(SPC) em Itumbiara (GO): Essa unidade recebeu R$ 250 milhões em investimento para fazer o processamento de farelo para produção de 100 mil toneladas ao ano de proteína de soja concentrada (SPC - 62% de proteína) e 40 mil toneladas de melaço com 70% BRIX.
  • Terminal Rodo-Hidroviário de Miritituba (PA): realizado em parceria com a 3tentos, trata-se da infraestrutura logísticapara recebimento e descarregamento de caminhões com milhosoja, farelo de soja, SPC, DDGS, biodiesel e etanol da região produtora de Mato Grosso. Os produtos serão armazenados e carregados em barcaças para seguir pela hidrovia Tapajós/Amazonas até os portos do Pará e Amapá, ou regiões consumidoras. Além disso, o terminal receberá barcaças carregadas de fertilizantes vindos dos portos do Norte, assegurando a logística reversa ao transportar insumos agrícolas de volta às regiões produtoras do Mato Grosso.
  • Shiploader no Porto de Santana (AP): instalação de um sistema de carregamento de navios no Porto de Santana, com capacidade de 1,5 mil toneladas por hora para otimizar o escoamento de grãose farelos para os mercados internacionais.
  • Ampliação do Processamento de Sojaem Ipameri (GO): o investimento na ampliação da capacidade de processamento de soja permitirá que a planta passe de 450 mil para 900 mil toneladas por ano. Isso garantirá que 100% do óleo utilizado na planta de biodiesel em Ipameri seja suprido pela própria unidade de processamento, promovendo maior eficiência e integração vertical na cadeia produtiva da empresa.
  • Planta de Glicerina Farmacêutica Bidestilada em Sorriso (MT): para agregar valor à glicerina produzida na planta de biodieselda Caramuru, esse novo investimento terá capacidade para produzir 40 mil toneladas por ano de glicerina farmacêutica bidestilada. Além de agregar valor à produção interna, o projeto também processará parte da glicerina de outros produtores de biodiesel do Mato Grosso, que atualmente exportam o produto in natura.
  • Planta de Etanol de Milhoem Nova Ubiratã (MT): em parceria com a Biocen - Bioenergia Celeiro do Norte, empresa formada por produtores do Mato Grosso, essa planta promoverá a verticalização de parte das operações agrícolas da região. Com o maior investimento no montante total, R$ 1,1 bilhão, pretende processar 600 mil toneladas de milho por ano, resultando na produção de 280 milhões de litros de etanol anualmente, além de 175 mil toneladas de DDG, utilizado na nutrição animal. A planta será autossuficiente em energia elétrica, com exportação do excedente para a rede, promovendo uma operação mais sustentável. A Caramuru deterá o controle da empresa com 51% e a Biocen com 49% do capital social total.

“A bioenergia é o futuro não apenas do Brasil, mas de toda a matriz energética global. A Caramuru está trabalhando com afinco para poder desenvolver cada vez mais soluções de energia limpas e renováveis, e o nosso apoio à Lei do 'Combustível do Futuro' mostra o comprometimento da empresa por esta causa”, diz Costa.

Preço dos grãos

Esses investimentos aumentarão a demanda interna por soja , mas Costa não enxerga neles um motivo para o aumento dos preços da soja e do milho no curto prazo. "Todo o aumento de procura, gera especulação de preços, mas acho que temos um mercado suficiente para atender os planos das empresas e do governo."

Caramuru origina anualmente entre 2 milhões e 2,1 milhões de toneladas de soja e deve manter esse volume nos próximos anos. O número só aumentará quando as plantas industriais estiverem todas em capacidade máxima.

Sobre 2024/25, apesar do atraso no plantio de soja, o executivo acredita que a safra chegará a seu potencial e que a empresa conseguirá originar essa mesma quantidade de soja.

Fonte: Globo Rural