Carro elétrico no forno, uai
27-06-2016

Missão de engenheiros de empresas fornecedoras em Minas Gerais de peças e partes para as montadoras de veículos começa a trabalhar neste fim de semana, em Portugal, nas bases do sistema que poderá servir ao primeiro carro elétrico desenvolvido no estado ou a outros meios de transporte com emissões de baixo carbono, a exemplo das bicicletas já compartilhadas nas grandes cidades do Brasil, mas movidas a bateria.

Coordenado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), o grupo responderá pelo projeto de engenharia, deverá definir o cronograma e a necessidade de investimentos, passos avançados do programa batizado de Be, em parceria com o Centro de Excelência e Inovação na Indústria e Automóvel (Ceiia), de Porto, ao Norte de Portugal.

A Codemig e o Ceiia, que já mantém ligações com o Brasil na condição de fornecedor de tecnologia e design à Embraer, estão trabalhando no projeto desde fevereiro do ano passado, quando o governador Fernando Pimentel visitou as instalações da instituição. O diretor de fomento à indústria de alta tecnologia da Codemig, Ricardo Wagner Righi de Toledo, informa que a intenção no encontro que se estenderá por toda a semana que vem é envolver pesquisadores portugueses e engenheiros de cinco fabricantes de autopeças de Minas na discussão e definição de peças, partes e moldes que atenderiam a uma cadeia de fornecimento para a fabricação de veículos de transporte de baixa emissão de carbono.
Segundo Ricardo Toledo, o trabalho que vem sendo feito sob a coordenação da Codemig consiste no desenvolvimento de projetos que permitam a industrialização num estado que sabe produzir veículos de meios de transporte inteligentes de nova geração.
Há oportunidades de desenvolvimento de veículos híbridos, elétricos e autônomos que permitem a locomoção com baixa emissão de carbono e o compartilhamento de meios de transporte com essas características, como observa Ricardo Toledo. A parceria conduzida pela Codemig faz todo o sentido, destaca o executivo, unindo a especialidade da tradicional cadeia de fornecedoras do setor automotivo em Minas e a experiência do Ceiia no design e desenvolvimento de tecnologia de gestão e monitoramento de frotas de veículos movidos a energia elétrica. No Brasil, o centro de pesquisas europeu já opera projetos pilotos de monitoramento de frotas de carros elétricos em Curitiba, Brasília, Foz do Iguaçú e Campinas.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) tem estimado que em 10 anos cerca de 30% dos carros novos comercializados no país serão elétricos, na forma híbrida ou somente movidos a bateria. Montadoras como Ford, Renault, Mitsubishi e Nissan já oferecem veículos elétricos híbridos e a bateria. Especialistas do ramo calculam, com base em lançamento recente da indústria automotiva, que o protótipo de um pequeno carro elétrico consome, em desenvolvimento da engenharia, cerca de 1,5 milhão de horas de trabalho por homem envolvido no projeto. Seriam necessários três anos de prazo entre a ideia e a fabricação do protótipo.
Ainda como parte de acordos de cooperação com instituições de Portugal, na próxima semana, o governo mineiro, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e a seção mineira da Câmara Portuguesa coordenam missão de 20 empreendedores de várias ramos de atividade no 3º Encontro Ourém-Minas Gerais, em Fátima, ao Norte de Portugal, considerado porta de entrada para o mercado europeu e o Norte da África. A programação será realizada do dia 29 a 2 de julho.
De acordo com a Fiemg, há interesses de fazer negócios em pelo menos 16 áreas: alimentos e bebidas, moda, design, química, mineração, siderurgia e metalurgia, aeroespacial, agronegócios, automotivo, ciências da vida (biotecnologia, fármacos, produtos médico-hospitalares e cosméticos), construção civil, eletroeletrônico, energia, metalmecânico e semicondutores, turismo cultural e religioso. Estão previstos encontros de negócios e visitas técnicas, além de eventos gastronômicos.
As exportações mineiras para Portugal somaram US$ 47,7 milhões durante o ano passado, concentradas no embarque de motores para automóveis e suas partes, café verde e torrado, fio-máquinas e barras de ferro ou aço. As compras do estado no país parceiro, no mesmo período, foram de US$ 10,07 milhões, incluindo, principalmente, peixes, motores para automóveis e suas partes e autopeças. O encontro abre perspectivas de internacionalização das empresas, para a Câmara Portuguesa de Minas Gerais, com o apoio de iniciativas como o projeto Portugal 2020 – acordo de parceria firmado entre Portugal e a Comissão Europeia –, que vai disponibilizar recursos de fundos europeus de investimentos no valor de US$ 25 bilhões para empresas estrangeiras interessadas em instalar braços naquele país.