Centro-Sul processa 18,76 milhões de toneladas de cana na primeira metade de novembro
02-12-2025
Encerramento acelerado das operações, recuperação do ATR na quinzena e maior participação do etanol marcam a reta final da safra 2025/26
A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul alcançou 18,76 milhões de toneladas na primeira quinzena de novembro, acima das 16,41 milhões registradas no mesmo intervalo de 2024/25. Apesar do avanço pontual, o acumulado da safra 2025/26 até 16 de novembro soma 576,25 milhões de toneladas, queda de 1,26% frente ao ciclo anterior, segundo dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) nesta segunda-feira (30).
O avanço do calendário acelerou o encerramento das operações industriais. Quarenta e duas unidades concluíram a safra nos primeiros quinze dias do mês, totalizando 120 usinas desligadas desde abril, número bem superior às 70 que já haviam concluído a moagem no mesmo período do ciclo passado. Segundo o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, outras 65 unidades estavam programadas para finalizar a moagem na segunda metade de novembro, o que deve elevar o total para mais de 180 usinas encerradas até o fim do período.
No aspecto da qualidade da matéria-prima, o Açúcar Total Recuperável (ATR) atingiu 142,42 kg por tonelada na quinzena, alta de 6,23% ante igual período de 2024/25. No acumulado da safra, porém, o indicador permanece 2,80% abaixo do observado no ciclo anterior, com média de 138,46 kg por tonelada.
A fabricação de açúcar atingiu 982,95 mil toneladas nos primeiros quinze dias de novembro. Desde o início da safra, a produção totaliza 39,18 milhões de toneladas. O recuo na produção reflete a mudança no mix: a fatia da cana destinada ao adoçante caiu para 38,61% na quinzena, 7,4 pontos percentuais abaixo do observado um ano antes. Rodrigues destaca que esta é a sexta redução consecutiva no indicador, influenciada pela menor atratividade do açúcar no mercado e pela queda na qualidade da cana no fim da moagem.
Com menor direcionamento ao açúcar, a produção de etanol avançou. No período, as usinas fabricaram 1,35 bilhão de litros, sendo 769,36 milhões de hidratado (+21,61%) e 577,35 milhões de anidro (+28,44%). No acumulado da safra, a produção soma 28,35 bilhões de litros, queda de 5,60% frente ao ciclo anterior. O hidratado responde por 17,60 bilhões de litros (-7,89%), enquanto o anidro totaliza 10,75 bilhões de litros (-1,59%).
A produção de etanol de milho segue em expansão. Do volume total fabricado na quinzena, 386,24 milhões de litros (28,68%) tiveram origem no cereal, alta de 10,31% na comparação anual. No acumulado da safra, o biocombustível produzido a partir do milho chega a 5,65 bilhões de litros, crescimento de 16,27%.
As vendas de etanol no Centro-Sul atingiram 1,38 bilhão de litros na primeira quinzena de novembro. O anidro somou 533,91 milhões de litros, alta de 1,94%, enquanto o hidratado recuou 9,74%, para 847,74 milhões de litros.
No mercado interno, as unidades comercializaram 810,35 milhões de litros de hidratado, queda de 10,56% ante igual período da safra passada. O anidro vendido domesticamente cresceu 8,69%, totalizando 532,44 milhões de litros.
De abril até 16 de novembro, as vendas acumuladas alcançam 22 bilhões de litros. O hidratado responde por 13,75 bilhões (-5,34%), enquanto o anidro atingiu 8,26 bilhões de litros (+4,49%).
Já o mercado de Créditos de Descarbonização (CBios) caminha para encerrar 2025 com ampla folga no cumprimento das metas. Dados da B3 até 28 de novembro indicam emissões de 39,31 milhões de títulos por produtores de biocombustíveis. O volume disponível para negociação, entre parte obrigada, não obrigada e emissores, soma 30,73 milhões de créditos.
Segundo Rodrigues, a soma entre CBios disponíveis e aqueles já aposentados para cumprimento da meta de 2025 equivale a cerca de 113% da necessidade anual das distribuidoras. O cálculo considera ainda a quitação de saldos remanescentes de anos anteriores e ajustes de contratos de longo prazo, configurando um cenário de oferta mais do que suficiente para atender às obrigações atuais e repor metas não cumpridas em exercícios anteriores.

