Chuvas antecipadas alertam para a necessidade de aplicação de herbicidas para época úmida
18-10-2022

O manejo correto de plantas daninhas nos canaviais é fundamental, pois qualquer descuido com a matocompetição pode derrubar a produtividade de uma área entre 25% e 80%

O ano de 2022 entrou com alta matocompetição nos canaviais da região Centro-Sul, em decorrência da seca em 2021, que provocou morte de parte da socaria, resultando em falhas e que atrasou o desenvolvimento da cana, não fechando as linhas e, com isso, facilitando o crescimento das plantas daninhas.

No entanto, o clima no decorrer do ano foi muito mais favorável, apresentou chuvas no outono, no inverno e antecipação das chuvas na primavera, o que foi excelente para a cana, mas também para as plantas daninhas, que durante a época úmida encontram condições climáticas como umidade, temperatura e luminosidade, que influenciam diretamente na germinação, desenvolvimento e crescimento dessas plantas.

Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) em Ribeirão Preto, SP), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, observa que a antecipação das chuvas também antecipa a necessidade de aplicação de herbicidas para época úmida.

As principais espécies favorecidas neste período são as chamadas fisiologicamente de C4, ou seja, são aquelas que não apresentam saturação luminosa para produção de fotossíntese. Nesse grupo, destacam-se a Tiririca, os capins e as folhas largas de difícil controle, como a Mucuna, Mamona, Merremias e Ipomeias.

Azania alerta que o controle de plantas daninhas não pode ser negligenciado, pois se trata do principal problema fitossanitário dos canaviais, exigindo o manejo adequado e aplicação de herbicidas eficientes para não comprometer a rentabilidade da lavoura. Afinal, qualquer descuido com a matocompetição pode derrubar a produtividade de uma área entre 25% e 80%.

Para o Pesquisador, a primeira ação que deve ser realizada é o levantamento de plantas daninhas, popularmente chamado de matologia. Esse processo escaneia o canavial e mostra dados sobre as espécies infestantes daquela área, como germinação, crescimento, desenvolvimento, morfologia, anatomia, reprodução e convivência com outras plantas, além, é claro, dos níveis de infestação.

Mas se as plantas daninhas nascem e crescem de forma abundante com as chuvas, a cana também. Assim, Azania analisa que o cenário nos canaviais não é de todo ruim, na verdade, é bem melhor que do ano passado, uma vez que, com as chuvas não houve morte das soqueiras e a cana está desenvolvendo rapidamente, fechando as linhas e formando uma barreira que dificulta o desenvolvimento das plantas daninhas.

Fonte: CanaOnline