Chuvas das últimas semanas destravaram a cana, mas não irão “consertar” a safra sozinhas
25-01-2022

Precipitação ajudaria no desenvolvimento dos canaviais e atrasaria o início da safra, empurrando a maior concentração da moagem para o meio do ano, quando a qualidade da cana será naturalmente melhor. Foto: Banco de imagens internet
Precipitação ajudaria no desenvolvimento dos canaviais e atrasaria o início da safra, empurrando a maior concentração da moagem para o meio do ano, quando a qualidade da cana será naturalmente melhor. Foto: Banco de imagens internet

Setor anseia por um outono chuvoso para salvar ciclo atual e deixar boa herança para 2023

Leonardo Ruiz

Desde outubro do ano passado, a grande maioria das regiões produtoras de cana-de-açúcar do Centro-Sul do país registraram um volume de chuvas intenso. Cenário que não poderia ser mais diferente do que o observado ao longo de 2021, quando o CS enfrentou a pior estiagem dos últimos 90 anos. Essa alta precipitação tem sido bastante benéfica, uma vez que tem auxiliado na retomada do desenvolvimento dos canaviais, severamente castigados pela seca dos dois últimos anos. No entanto, ela por si só não será suficiente para “salvar” a safra como um todo.

Segundo o consultor associado da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo, as chuvas são sempre bem-vindas, mas esse alto volume registrado nas últimas semanas tem ocorrido com os canaviais ainda pequenos e não no período de maior necessidade, que vai do final do verão ao início do outono. “Toda essa água desestressou a planta. Foi um ganho em relação ao visto no último trimestre de 2020, quando a chuva retornou apenas após a segunda quinzena de novembro e ainda de forma bastante irregular. Porém, precisamos que essa boa oferta continue durante todo o primeiro semestre, principalmente no começo do outono.”

Ele explica que o cenário encontrado hoje pelo Centro-Sul é de canaviais verdes, mas atrasados. Por conta disso, o ideal seria postergar o início da safra e deixar que essas canas desenvolvam um pouco mais no campo. “Uma precipitação acima ou dentro da normalidade nos próximos meses ajudaria muito, pois empurraria a maior concentração da moagem para o meio do ano, quando a qualidade da cana será naturalmente melhor.”

Cardozo ressaltou ainda que, caso as chuvas continuem até junho, haverá impactos positivos também em 2023, uma vez que os plantios deste ano seriam beneficiados. “A falta de muda está impedindo as operações de plantio no momento. A cana disponível ainda está muito jovem. Portanto, uma colheita agora elevaria demasiadamente as taxas de consumo, prejudicando a oferta para a safra atual, que já não está muito boa em função da alta necessidade de plantio e pela forte competição com grãos.”

Até o momento, a previsão é de chuvas dentro da média histórica para os próximos meses (fevereiro a junho). Porém, em função da alta probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña no final do verão, há possibilidade de mudanças nessa conjectura.

Fonte: CanaOnline