Chuvas prejudicam fim de safra; algumas usinas já somam 35 dias parados por fatores climáticos
09-12-2015

As chuvas que assolam a principal região produtora de cana-de-açúcar do Brasil, o Centro-Sul, já foram responsáveis pela paralisação de até 35 dias de moagem em algumas usinas, dificultando assim que o setor consiga processar toda a cana disponível para esta temporada. As informações são de balanço de safra divulgado pela Unica - União da Indústria de Cana-de-açúcar nesta terça-feira (8).

O relatório aponta, por exemplo, para a moagem, no Centro-sul, durante a segunda quinzena de novembro, de 18,74 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O número é maior que o da mesma quinzena de 2014, mas poderia ser ainda maior se não fossem as constantes chuvas que assolaram a região.

O percentual da quinzena, que representa 18,85% a mais do que o verificado na mesma quinzena de 2014, é justificado também pelo prolongamento da safra nesta temporada, decorrente do maior acúmulo de dias parados por força das condições climáticas.

O relatório demonstra, por exemplo, que até 1º de dezembro, no Centro-Sul, apenas 47 unidades produtoras haviam encerrado a moagem, contra 137 unidades com safra finalizada na mesma data de 2014. "Devido ao baixo aproveitamento de moagem no último mês, grande parte das unidades produtoras estão postergando a data de encerramento anteriormente programada para a safra 2015/2016", destaca a nota.

No acumulado desde o início da atual safra até 1º de dezembro, o volume processado de matéria-prima somou 563,29 milhões de toneladas, crescimento de 1,64% ante as 554,22 milhões de toneladas registradas em igual período do ciclo anterior.

Qualidade da matéria-prima

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar moída na segunda quinzena de novembro, totalizou 119,29 kg contra 138,17 kg verificados em igual quinzena do ano passado, redução de quase 14% na qualidade da cana.

Segundo o diretor Técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, "o menor nível de ATR por tonelada de cana deve incentivar a manutenção de um mix de produção mais alcooleiro nas próximas quinzenas".

No acumulado desde o início da safra 2015/2016, a concentração de açúcares atingiu 132,66 kg por tonelada de matéria-prima frente a 137,04 kg contabilizados no mesmo período de 2014.

Produção de açúcar e etanol

A proporção de cana-de-açúcar direcionada à fabricação de etanol nos últimos 15 dias de novembro continua superior ao índice registrado em igual período do último ano: 66,94% na atual safra, contra 63,44% em 2014.

Ainda segundo a Unica, a produção de açúcar na segunda metade de novembro atingiu 704,1 mil toneladas, queda de 7,21% em relação às 758,83 mil toneladas verificadas na mesma quinzena do último ano.

A produção quinzenal de etanol, por sua vez, alcançou 881,24 milhões de litros, com 428,05 milhões de litros de etanol anidro e 453,19 milhões de litros de hidratado.

Rodrigues enfatiza que "a produção de anidro continua em ritmo acelerado e atingiu 22,84 litros por tonelada de cana-de-açúcar processada nos primeiros quinze dias de novembro, com a desidratação de 69,95 milhões de litros de etanol hidratado".

No acumulado desde o início da safra 2015/2016 até 1º de dezembro, a fabricação de açúcar somou 29,42 milhões de toneladas, expressivo recuo de 6,42% em relação a igual período de 2014. A produção de etanol totalizou 25,79 bilhões de litros (15,87 bilhões de litros de hidratado e 9,92 bilhões de litros de anidro), 2,34% superior ao índice registrado até a mesma data de 2014 (25,20 bilhões de litros).

Vendas de etanol

A nota da Unica traz ainda que as vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul em novembro somaram 2,52 bilhões de litros, com 269,21 milhões de litros direcionados à exportação e 2,25 bilhões de litros ao mercado interno.

No mercado doméstico, o volume de etanol hidratado comercializado no Centro-Sul atingiu 1,44 bilhão de litros, crescimento de 23,15% frente aos 1,17 bilhão de litros contabilizados em novembro de 2014.

O diretor da Unica alerta que "estas estatísticas de vendas indicam um recuo na demanda por etanol hidratado." A taxa de crescimento das vendas do produto ao mercado doméstico era superior a 40% até setembro; alcançou 36,44% em outubro e, em novembro, caiu para 25,15%, comenta o executivo.

Rogério Mian