Cide está subindo no telhado: "está praticamente descartada", afirma ministro
10-08-2016

As aéreas política e econômica do governo estão novamente em lados opostos. Enquanto técnicos do setor fiscal afirmam ser difícil não prever aumento de impostos para o ano que vem no Orçamento de 2017, que será enviado ao Congresso no fim do mês, o Planalto não quer ouvir falar no assunto. Um ministro não vê razão em anunciar de véspera uma alta de imposto para daqui a seis meses e cita uma frase recente dada pelo interino: Elevação de carga tributária, só em último caso.

Pelo sim, pelo não, a Cide, que incide sobre combustíveis, está subindo no telhado. “Está praticamente descartada. Gera inflação e atrasa a flexibilização da política monetária”, diz um ministro.

Concessões de Temer na área fiscal

Em lua de mel com o governo interino, a elite do mercado financeiro começa a se preocupar com a gestão Temer. Os sucessivos aumentos de gastos para contemplar o funcionalismo, somados à ambição do Congresso em usar projetos prioritários para ampliar despesas – como as flexibilizações no texto da renegociação das dívidas – têm gerado desconfiança. O temor é que o Planalto, ao se despedir da interinidade, sinta-se forte o suficiente para relaxar nos seus compromissos fiscais.

Um sintoma ilustra a mudança de humor: até aqui preservado, Henrique Meirelles começa a sofrer críticas. Dois executivos avaliaram recentemente que o Ministro da Fazenda não tem conseguido frear o ímpeto gastador da área política.

Trata-se de uma percepção perigosa. Caso haja dano de imagem, o poder do chefe da equipe econômica de restaurar plenamente a confiança cairá na mesma proporção.