Cinco medidas para reerguer a cultura da cana mesmo com a seca no NE
04-04-2017

Mais de 25 mil produtores de cana do NE, através das lideranças das suas entidades de classe nos estados produtores da região, depositarão na próxima segunda-feira (10), na sede da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas, grande esperança que o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), atual líder do partido do presidente Temer no Senado, possa atuar em defesa de medidas públicas emergências e estruturadoras diante do sexto ano seguido de seca na região. O cenário é bem adverso. Já há uma previsão de 30% de redução mínima da nova safra, após déficits anteriores em anos seguidos de estiagem. A União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), recebida na última semana pelo político em Brasília, apresentará então um projeto para o setor com ações estratégicas para buscar reduzir os efeitos e cenários adversos diante da seca que avança contra os milhares de canaviais nordestinos.

A Unida apresentará cinco medidas, sendo três urgentes e duas mais sustentáveis. Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida, avalia que a implantação delas poderá retomar a viabilidade socioeconômica da atividade canavieira da Zona da Mata da região, mesmo com a baixa pluviosidade anual. Além disso, ele garante que poderá incrementar a produção nordestina, já que os projetos oportunizarão até a duplicação da atual produtividade da cana e assim restabelecer milhares de postos de trabalho, gerando emprego e renda através desta cadeia produtiva.

As ações urgentes a serem solicitadas visam reduzir parte do prejuízo financeiro do produtor diante da significativa devastação dos canaviais, sobretudo em PE, AL e SE. Houve uma elevada mortandade da socaria. Assim, o primeiro pleito do projeto do setor reivindicará a prorrogação da validade de uma lei federal que garantia subvenção da cana nordestina. Esta lei (12.999/2014) venceu e não foi paga no prazo original previsto.

Outra ação emergencial a ser solicitada visa evitar a penalização do agricultor que não terá como honrar com seus financiamentos bancários por conta de mais um ano de prejuízos com a seca, recorrente desde o ano de 2011. “Desse modo, apresentaremos ao senador a necessidade da alteração da Lei 13.340/ 2016, esta que beneficia os produtores com dívidas adquiridas até 2011, sendo, portanto, necessária a extensão deste prazo para até o 2016″, diz Andrade Lima. Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também precisa será acionado para permitir que seja autorizado o parcelamento das dívidas do setor por cinco anos.

Em relação as ações sustentáveis, a Unida, entidade que representa todas as associações e sindicatos dos plantadores de cana nordestinos, reivindicará a adoção de um programa para aumentar a capacidade de armazenamento de água, através da construção de pequenas barragens na região da Zona da Mata Canavieira. “Pleitearemos ainda a criação de um programa para financiar a compra de equipamentos para irrigação”, conta Andrade Lima, que, embora diante da crise econômica do país, deposita esperança para que os pleitos possam avançar para reerguer esta atividade produtiva em uma região de importância socioeconômica.