Cíntia Ticianeli assume negócios da família e reergue destilaria no Nordeste
20-03-2020

Cíntia é a única mulher entre os dirigentes do setor sucroenergético
Cíntia é a única mulher entre os dirigentes do setor sucroenergético

Atualmente, é sócia-administradora da maior produtora de etanol da região. É também presidente do Sindicato dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e do Pará

Leonardo Ruiz

Fotos: Arquivo Pessoal de Cíntia Ticianeli

Assumir os negócios da família nunca foi uma opção para Cíntia Cristina Ticianeli. Foi uma necessidade. Ainda jovem, viu seu pai adquirir uma pequena propriedade rural no munícipio mato-grossense de Diamantino. Formado em engenharia florestal, mas com uma paixão declarada pelo agronegócio, Serafim Adalberto Ticianeli passou a ser reconhecido como um “líder” na região, vindo a presidir diversas entidades representativas ligadas ao segmento.

Nos anos seguintes a criação do ProÁlcool (Programa Nacional do Álcool), assumiu as dívidas de uma destilaria da região. Visionário, iniciou também um projeto de grãos no sul do Maranhão. Pouco tempo depois, uma instituição financeira ofereceu a ele uma destilaria falida no Ceará. Em questão de uma década, Serafim passou de produtor rural e líder associativista a usineiro e empreendedor, com negócios em três estados brasileiros. 

Cíntia, uma de suas filhas, cresceu vendo seu pai galgar os degraus do agronegócio. Infelizmente, acompanhou também o surgimento de sua insegurança e instabilidade, devido as dívidas que se acumulavam em função de mudanças na economia do país. Enquanto cursava economia na Universidade de São Paulo (USP), recebeu a notícia do falecimento de seu pai. No momento, não havia outra pessoa para cuidar dos negócios da família. Cíntia voltou para o Mato Grosso e assumiu os projetos do pai.

Cíntia é sócia-administradora e CFO da Agro Serra Industrial. A unidade processa cerca de 1.3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra

Aos 20 anos, era diretora da destilaria do Mato Grosso. Durante sete anos, atuou na administração financeira da companhia. Nesse meio tempo, seu irmão cresceu e foi para o Maranhão, onde o projeto de grãos havia se transformado em uma destilaria. Acabou não dando certo. Os papéis então se inverteram. O irmão de Cíntia voltou para o Mato Grosso e ela rumou para o Nordeste, região onde atua até os dias de hoje.

“Sou filha de um cara que resolveu entrar no setor assumindo dívidas de terceiros. Foi um líder brilhante e com uma visão extraordinária. Minha intenção não era assumir seus negócios. Mas, na época de sua partida, minha mãe não trabalhava e meus irmãos eram novos. Como ia deixá-los sem perspectivas”, questiona.

Antes de falecer, Serafim deixou uma carta para seus filhos. Nela, incentivou-os a serem pobres, mas dignos. A nunca fazer compromissos que não pudessem honrar. “Acabei abraçando o sonho dele. Comecei a trabalhar logo depois de sua partida, sempre com muita dedicação e visando liquidar todas as dívidas. Foi apenas ano passado, após mais de 25 anos, que conseguimos esse feito, muito comemorado e almejado por nós.”

 

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