Cofco Brasil eleva produção de etanol em 2018/19 e não descarta "recomprar" açúcar
27-04-2018

A Cofco Brasil deve elevar a produção de etanol na safra 2018/19 do centro-sul brasileiro, iniciada neste mês, e não descarta “recomprar” parte do açúcar já negociado para fabricar ainda mais biocombustível em meio ao derretimento dos preços internacionais do adoçante, disse à Reuters nesta quinta-feira um executivo da companhia.

Subsidiária da gigante chinesa Cofco, a Cofco Brasil possui quatro usinas no Estado de São Paulo, principal produtor nacional, com capacidade instalada para processar cerca de 15 milhões de toneladas de cana por temporada.
No atual ciclo, a expectativa é operar perto da capacidade máxima, com moagem em torno de 1 milhão de toneladas maior na comparação anual, mas com maior direcionamento de matéria-prima para a produção de etanol, disse o chefe de trading de açúcar da empresa no Brasil, Mauricio Sacramento.

“Vamos aumentar o mix (de etanol) em seis pontos percentuais. O de açúcar vai cair de 67 para 61 por cento”, afirmou ele no intervalo da conferência internacional de açúcar e etanol da F.O. Licht, realizada em São Paulo.
Sacramento não precisou o volume de produção de álcool na safra vigente, mas destacou que a de açúcar deve ficar praticamente estável, em cerca de 1,1 milhão de toneladas.

O executivo salientou que a Cofco Brasil fixou preços, ainda no ano passado, de praticamente 100 por cento das suas vendas de açúcar da safra 2018/19.
Desse modo, a companhia está, hoje, menos exposta à forte queda das cotações da commodity na Bolsa de Nova York, para o menor nível em vários anos.

Entretanto, a empresa monitora o desenrolar do mercado e não descarta “recomprar” parte do açúcar já negociado para fazer mais etanol —o biocombustível tem se mostrado mais remunerador para as usinas, e sua demanda tem se mantido bem firme no Brasil. “Se tiver de fazer mais etanol, vamos recomprar o açúcar”, destacou Sacramento. 

Ele não detalhou como faria essa recompra. Se poderia fazê-lo pagando multa para quem comprou o açúcar, com o objetivo de aproveitar mais cana para a produção do biocombustível.

Por José Roberto Gomes