Cogen cria GT para formular proposta que incentive cogeração a gás natural e biometano
26-02-2025

Objetivo do Grupo Técnico é trabalhar em propostas para que Cogen possa pleitear políticas públicas que estimulem setor
A Cogen cria GT para formular proposta que incentive cogeração a gás natural e biometanogen, Newton Duarte, é somar experiências para que a associação possa formular uma proposta a ser levada ao Ministério de Minas e Energia e a outros organismos dos Poderes Executivo e Legislativo, visando contribuir com políticas públicas que incentivem a cogeração a gás natural e biometano.
“A cogeração é uma das maneiras mais eficientes de geração de energia elétrica e térmica. Nosso objetivo, ao lado de nossos associados, é somar todo esse conhecimento. O gás natural e o biometano podem prover resiliência na geração elétrica e térmica, ampliando a segurança energética, e colaborando para reduzir a necessidade de investimentos em novas térmicas”, destaca o presidente executivo da Cogen.
“Em um cenário de temperaturas cada vez mais elevadas, de crescimento de demanda de climatização, inclusive para datacenters, e da própria demanda de potência, a cogeração a gás natural e biometano, ao ter seus atributos devidamente reconhecidos, poderá proporcionar mais projetos encorajados e contribuir com as necessidades energéticas do País, inclusive na descarbonização, substituindo combustíveis mais poluentes como o diesel ”, diz Duarte.
A primeira reunião do GT aconteceu na última quinta-feira (20), em São Paulo, com a participação de associados e agentes do mercado.
O cenário energético brasileiro apresenta condições oportunas para que a indústria de cogeração elabore um pleito de formulação de políticas públicas que incentivem o uso de gás natural. A opinião é de Bruno Armbrust, diretor e fundador da consultoria ARM, durante a 1ª Reunião do Grupo Técnico de Gás Natural e Biometano da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen), realizada na tarde de quinta-feira (20/02), em São Paulo.
Em sua apresentação, Armbrust disse que um dos principais entraves à cogeração a gás natural nos últimos anos tem sido a falta de competitividade, determinada por um histórico de extrema concentração de mercado na oferta, com preços da molécula desalinhados às singularidades e dinâmicas do mercado.
Isso acabou levando à retração do consumo. Nos últimos anos, ainda segundo o consultor, o aumento de competição na oferta, com a chegada de novos players ofertantes, já tem causado impactos positivos e movimentação da própria Petrobras para promover condições mais competitivas. “Essa diversificação, com a concorrência dos terminais privados de GNL, está pressionando a Petrobras a mudar os preços”, afirmou Armbrust.
Segundo ele, em um cenário ainda de baixa competitividade do gás e com um nível de concorrência abaixo do desejável, não se viabiliza um crescimento de demanda nova, o que cria um entrave para o planejamento de novos gasodutos, atrasando os investimentos. Além disso, em tempos de transição energética, ficou mais complexo planejar novos investimentos na expansão das infraestruturas de transporte de gás. “Nesse contexto, a cogeração a gás natural poderia ser uma alternativa para gerar demanda”, sugeriu o especialista.
Uma janela de oportunidade interessante, apontou Armbrust, é a consulta pública aberta pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para promover uma revisão tarifária em algumas das principais transportadoras de gás. Segundo ele, em um cenário otimista, com estímulos em toda a cadeia, e com uma revisão integral da tarifa de transporte, eliminando 100% do efeito dos contratos legados, e ainda com uma TUSD reduzida, a tarifa sem tributos poderia se situar entre 7 e 8 US$/MMBTU. “Se todos os contratos legados não existissem, as tarifas poderiam cair 35%. É uma situação que poderia ajudar na melhoria da competitividade da cogeração”, enfatizou Armbrust.
Um ponto importante, acrescentou ele, é um planejamento integrado da expansão da oferta e da demanda. “O país vai precisar de um planejador integrado e de um gestor integrado do sistema”, finalizou.
Foto: Ricardo Botelho/MME