Com calorão de 41ºC, consumo de caldo de cana dispara em Presidente Prudente
26-09-2023
Amantes da famosa garapa e comerciantes conversaram com a reportagem do g1, no Centro da maior cidade do Oeste Paulista, na tarde desta segunda-feira (25), sobre a bebida refrescante.
Por Bárbara Munhoz e Rodrigo Marinelli, g1 Presidente Prudente
O calor intenso predomina em todo o estado de São Paulo há dias e, para amenizar o tempo quente e seco, as pessoas recorrem a diferentes bebidas. Em Presidente Prudente (SP), que é a maior cidade do Oeste Paulista, o caldo de cana, conhecido também como garapa, é uma das alternativas mais populares para tentar driblar e refrescar os dias mais quentes.
Na tarde desta segunda-feira (25), de acordo com o Instituto Climatempo, a temperatura chegou aos 41ºC, às 14h, e, por conta disso, a bebida fez sucesso no Centro da cidade.
A barraca da dona Neusa, localizada na Praça Monsenhor Sarrion há mais de 30 anos, não parou de receber clientes durante a entrevista. Ela explicou à reportagem que as suas canas são compradas com produtores rurais do Oeste Paulista e que o acompanhamento mais pedido pelos clientes, junto da garapa, é o limão.
"Quando a cana é nova, ela fica mais doce. Nesta seca, ela fica mais doce ainda", pontuou ao g1 a comerciante Neusa da Silva Duarte, enquanto atendia algumas pessoas.
A Antônia, que é dona de casa e toma garapa todos os dias na barraca da dona Neusa, havia acabado de pegar o seu 5º copo do dia.
"O caldo de cana tem de tudo. Ele é um calmante. Todo dia eu tomo um caldo de cana aqui. Quando eu não venho, a mulher [Neusa] fala: 'Olha, dona Antônia, você não veio e meus fregueses se afastaram'. Sem esse movimento, a gente vai para onde? É baratinho. Desde os 6 anos que eu tomo garapa aqui nesse local", contou Antônia Gomes Paiva Vicente, de 67 anos.
Para alguns apaixonados pela bebida, o apreço vem de família. Este é o caso da Mara.
“Desde criança, a gente consumia no sítio da vovó. Meu tio apanhava a cana e moía na hora, era diferente, mas o gostinho é o mesmo. Eu gosto de caldo e, quando está calor assim, é bem melhor", destacou ao g1 a corretora de imóveis Maria Mara Coutinho.
80% de aumento nas vendas
Na Praça Nove de Julho, também no Centro de Presidente Prudente, a comerciante Josilene Lima Del Bianchi disse ao g1 que as vendas de caldo de cana aumentaram 80% com as recentes altas temperaturas.
"O calor veio para ajudar a gente, 90% dos meus clientes preferem com limão. A gente serve um produto de qualidade e o atendimento da gente está em primeiro lugar. A minha irmã planta as canas e traz para a gente", explicou a garapeira.
Há 12 anos no mesmo ponto, ela disse que, por dia, chega a vender de 40 a 50 litros do produto.
"No ano passado, graças a Deus, foi vitória. E eu creio que neste ano, por esse calor, vai bombar", complementou Josi ao g1, esperançosa com as vendas até o fim de 2023.
Na mesma praça, também fica a barraca do Anderson Eduardo da Silva, que está no ramo há mais de 30 anos, em Presidente Prudente. De acordo com o vendedor, a cana-de-açúcar fica mais docinha nos períodos quentes.
“O que pesa mais é o calorzão. Geralmente, eu faço com abacaxi, maracujá e limão, mas os que mais saem são o puro e o com limão. A gente compra a cana de produtor rural e ela é específica para o caldo de cana. Geralmente, a cana fica mais doce no clima que a gente está, no calor. A terra puxa a água da cana, ela fica 'sequinha' e fica doce", pontuou ao g1.
Mesmo com o clima propício, o comerciante disse que “sempre tem os clientes fiéis".
"Pode estar frio ou calor, eles vêm todos os dias consumir”, concluiu Anderson.
Benefícios
De acordo com a nutricionista Juliana Santiago Santos Zamberlan, o caldo de cana é uma bebida natural e, por conta do excesso de água, é fundamental para a hidratação e a reposição de nutrientes.
"Ela tem bastante magnésio, tem um pouco de ferro, de cálcio, e é bem interessante também porque é uma bebida energética, ela repõe energia", explicou.
A especialista, entretanto, alertou que, ao mesmo tempo em que a garapa hidrata, deve-se ter cuidados específicos com o seu consumo.
"A gente tem de tomar cuidado com pessoas diabéticas, porque tem um índice glicêmico, ou seja, uma quantidade de açúcar muito grande. É sempre bom a gente associar isso com uma alimentação saudável, sem excessos", finalizou ao g1.