Com maior preço em 15 anos, etanol está 47% mais caro nas usinas de SP
03-03-2016

O preço do etanol hidratado atingiu sua maior cotação das usinas do Estado de São Paulo em 15 anos e terminou fevereiro com uma alta anual de 47,13%, apontam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da USP.

Na divulgação referente à quarta semana do mês, o combustível deixou a produção por R$ 1,9384, R$ 0,621 a mais na comparação com o período correspondente em 2015.

Em elevação gradativa desde janeiro, o produto já havia atingido seu pico histórico no início de fevereiro, com o litro a R$ 1,89, mas, nas semanas seguintes, continuou registrando novos recordes de R$ 1,9032 e R$ 1,9227 até chegar ao auge da cotação. O Cepea não divulga resultados mensais.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) atribui o acréscimo ao incremento de 50% na demanda do combustível em relação à safra anterior, mas garante que o produto permanece mais vantajoso que a gasolina.

Desde abril do ano passado até a primeira quinzena deste mês, o etanol hidratado foi o foco da produção das usinas - totalizando 61% da geração alcoólica - em uma safra considerada chuvosa que resultou em uma moagem de cana 5,63% maior no Centro-Sul do país.

"Por se tratar de uma commodity produzida por mais de 200 grupos econômicos, a lei de oferta e demanda prevalece e, neste momento, o resultado tem sido o aumento dos preços do biocombustível da cana. É imperioso ressaltar que, ainda assim, a escolha do etanol como combustível veicular continua sendo vantajosa (até 70% do valor da gasolina) para o usuário nos principais estados consumidores", comunicou a entidade.


Etanol ´segue´ gasolina, diz economista

Segundo especialistas, além de ser uma consequência da dinâmica do mercado e da produção, o etanol tem evoluído em função de aumentos da energia e do derivado do petróleo, sobre o qual, em 2015, voltou a incidir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Desde 2013, a Petrobras aumentou o preço da gasolina quatro vezes nas refinarias: 6,6% de alta em janeiro de 2013, 4% em novembro de 2013, 3% em novembro de 2014 e 6% em setembro de 2015.

Para o economista Alexandre Nicolella, da Faculdade de Economia e Administração, da USP de Ribeirão Preto (SP) - no centro de uma das principais regiões produtoras de etanol do país - a elevação nas usinas tem repercutido no bolso do consumidor, sobretudo na entressafra, quando a maior parte das indústrias do setor interrompe a produção - o reinício, este mês, tende a amenizar os valores devido ao aumento da oferta.

Nos postos de Ribeirão, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o etanol hidratado ficou em fevereiro 21,02% mais caro para o consumidor em relação ao mesmo período do ano passado, cobrado em média por R$ 2,723.

"O etanol tem uma relação de substituição muito grande com a gasolina. Isso faz com que, quando o preço da gasolina sobe, se tem uma margem para subir o etanol também", afirma.

Rodolfo Tiengo