Com queda de 4,5% na produção, encerramento da safra de cana-de-açúcar em MG é antecipado
07-10-2025

Projeção é que, até meados de novembro, cerca de 70% da capacidade de produção instalada tenha encerrado | Foto: Reprodução Adobe Stock / Mailson Pignata
Projeção é que, até meados de novembro, cerca de 70% da capacidade de produção instalada tenha encerrado | Foto: Reprodução Adobe Stock / Mailson Pignata

Siamig Bioenergia confirma que adiantamento do ciclo 2025/26 é reflexo direto da menor disponibilidade da cultura, resultado da seca que atingiu o Estado no ano passado e durou 180 dias

Por Michelle Valverde

Em Minas Gerais, a safra de cana-de-açúcar será encerrada mais cedo que em anos anteriores. Com a confirmação de uma produção menor no ciclo 2025/26, a estimativa é que até a primeira quinzena de novembro, cerca de 70% da capacidade de processamento do Estado esteja encerrada, volume que na safra anterior era de apenas 5%. Conforme os dados da Associação da Indústria da Bioenergia e do Açúcar em Minas Gerais ( Siamig Bioenergia), a antecipação é reflexo direto da menor disponibilidade de cana, resultado de uma seca histórica que atingiu o Estado no ano anterior.

“Em termos de produção de cana-de-açúcar, a safra 2025/26, em Minas Gerais, será menor em função da seca do ano passado, que durou 180 dias. A  cana, diferente de outras culturas, é plantada um determinado ano, depois a gente corta essa cana e ela rebrota. Então, esse processo de crescimento é muito importante. No ano passado, após o corte, faltou chuva e ela não cresceu pela seca histórica. Isso prejudicou muito a produção deste ano”, explicou o presidente da Siamig Bioenergia, Mário Campos.

Até a primeira quinzena de setembro, já haviam sido moídas 58,2 milhões de toneladas de cana, o que equivale a 75,4% da estimativa para a safra, projetada em 77,2 milhões de toneladas. O volume projetado está, aproximadamente, 4,5% inferior à produção acumulada no ciclo 2024/25.

A queda na produção poderia ter sido ainda maior, porém, houve aumento da área colhida. A estimativa é que a área cultivada com cana some 1,23 milhão de hectares em 2025/26, contra 1,12 milhão de hectares no ciclo anterior, resultando assim em uma alta de 9,8%. “Apesar do cenário de seca, tivemos um aumento de área de cana-de-açúcar, o que minimizou um pouco essa redução”.

Conforme Campos, a estimativa é que até meados de novembro, cerca de 70% da capacidade de produção instalada no Estado tenha sido encerrada. No ano passado, apenas 5% dessa capacidade tinha sido concluída.

Usinas vão priorizar o etanol

Para as próximas quinzenas de produção, é esperada maior produção de etanol frente ao açúcar. Campos explica que nos últimos anos, havia um incentivo maior à produção de açúcar, em função do preço superior do adoçante em comparação com o biocombustível, porém, agora, houve reversão do cenário.

“Estamos observando que agora, em função da redução do preço de açúcar e do preço atual do etanol, há paridade interessante para o etanol. Faz sentido para as usinas, nesse final de safra, aproveitar esse melhor momento do biocombustível para produzir mais. Claro que essa flexibilização vai acontecer dentro da margem daquilo que as usinas não têm um compromisso de entrega de açúcar”.

Ainda segundo Campos, parte da produção de açúcar ainda não foi vendida no mercado futuro, o que permite a migração para o etanol.  

Produção safra 2025/26

Conforme os dados da Siamig Bioenergia, até o encerramento da primeira quinzena de setembro, Minas Gerais já havia esmagado 58,2 milhões de toneladas de cana, volume 4,4% inferior frente ao mesmo intervalo do ano passado. 

A produção de etanol total recuou 19%, chegando a 1,97 bilhão de litros. A produção de hidratado, 1,2 bilhão de litros, caiu 21,4% e a de anidro retraiu 15,1%, com um volume de 750,3 milhões de litros. No mesmo intervalo, a produção de açúcar somava 4,2 milhões de toneladas, volume apenas 0,2% menor.

Fonte: Diário do Comércio