Como a Uisa, ex-Usinas Itamarati, se prepara para se tornar a maior biorrefinaria do Brasil
31-01-2020

Uisa terá muitas outras matérias-primas além da cana
Uisa terá muitas outras matérias-primas além da cana

A empresa não quer mais ser produtora de apenas uma matéria-prima, a cana-de-açúcar, mas de outras tantas cadeias possíveis

Diversificação é a palavra que irá reger o futuro das operações da Uisa, o novo nome da Usinas Itamarati, localizada em Nova Olímpia, um munícipio do interior do Mato Grosso. Anteriormente produtora de açúcar, etanol e bioeletricidade, a companhia passa agora a incorporar outras matérias-primas, agregando valor e gerando produtos para diversos outros segmentos, como o alimentício e o industrial.

O diretor-financeiro de Novos Negócios da Uisa, José Fernando Mazuca Filho, explica que o objetivo é transformar a usina em uma biorrefinaria. “Não queremos mais ser produtores de apenas uma matéria-prima, a cana-de-açúcar, mas de outras tantas cadeias possíveis.”

Mazuca explica que o projeto de transformação da antiga Usinas Itamarati em biorrefinaria se dará por meio de quatro investimentos distintos. O primeiro deles é a planta para secagem de levedura, que deverá ser iniciada em meados de 2021. Os produtores de suínos, aves e pecuaristas do Mato Grosso, onde está localizado o maior rebanho bovino do Brasil, serão os maiores clientes dessa nova linha de produtos.

O segundo investimento é a criação de uma planta anexa à indústria para processamento de etanol a partir do milho, matéria-prima abundante no Centro-Oeste brasileiro. “Estamos no foco da produção do cereal do Mato Grosso. Enquanto o produto é vendido a R$ 37 em Campinas/SP, aqui está R$ 25.” O Mato Grosso exporta cerca de 16 milhões de toneladas de milho. Deste montante, 10 milhões transitam pela bacia Centro Sudeste, que passa na “porta da usina”. “Por conta disso, conseguimos captar essa matéria-prima de uma forma muito competitiva.”

Localizada em Nova Olímpia, em Mato Grosso, a Uisa detém uma área de 84 400 hectares

Com previsão de inauguração para 2021, essa planta demandará um investimento de cerca de R$ 190 milhões. Num processo simultâneo, a Uisa passará também a fabricar o DDG (grãos secos por destilação, na sigla em inglês), um concentrado proteico que substitui os farelos de soja e de milho na alimentação de animais. A oferta de DDG compõe um dos novos negócios da Uisa: a nutrição animal. Futuramente, há expectativa de utilizar essa planta para produção de óleo de milho e captura de CO² para fornecimento às indústrias (fabricantes de bebidas e especialidades químicas).

Uma planta de biogás, feito pela biodigestão de resíduos do processamento da cana e de outras matérias-primas de indústrias da região, é o terceiro investimento a ser realizado pela Uisa. O biogás poderá ser utilizado em duas rotas distintas: queima em motor para geração de energia elétrica e purificação para transformação em biometano a ser usado na frota diesel. Por último, entra o investimento em cogeração. A Uisa pretende ampliar sua capacidade de exportação dos atuais 14 megawatts-hora (MWh) para 60 MWh.

“Além desses quatro investimentos principais, temos outros três projetos no âmbito estratégico. O primeiro deles é participar na distribuição de combustível no Centro-Oeste. Já atuamos junto ao consumidor final no mercado de açúcar. Hoje, 80% da receita com esse produto vem do varejo. O segundo é participação na cadeia de nutrição animal, que se dará por meio de venda a qualquer indexador de bolsa ou de forma ordenada a produtores da região. Por último, devemos adotar um conceito americano chamado de “over defense”, que consiste na preparação de um ecossistema interno para receber indústrias que tenham interesse em nossas matérias-primas”, explica Mazuca Filho.

José Fernando Mazuca Filho: “Diversificação e agregação de valor é a palavra dos próximos anos para buscar margem e retomar a competitividade”

O diretor financeiro de novos negócios da Uisa destaca que a implantação desses projetos qualificará a companhia como a maior biorrefinaria do Brasil. “Diversificação e agregação de valor é a palavra dos próximos anos para buscar margem e retomar a competitividade.”

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