Compensa continuar a safra embaixo de chuva?
13-01-2016

Nem sempre os bons preços dos produtos da cana compensam os prejuízos causados por realizar colheita com clima adverso

As unidades que pretendem alongar a moagem têm cana sobrando no campo e são impulsionadas pelos atraentes preços do mercado, e devido a crise financeira, qualquer receita a mais é bem-vinda.

Porém, os consultores da MBF Agribusiness, Marcos Kashiwa, técnico florestal, também graduado em agronegócio e Miriam de Paula, engenheira agrônoma, zootecnista e pós-graduada no agronegócio advertem que moer no período chuvoso, na maioria das vezes, é inviável por diversos fatores. “É prejudicial pois a eficiência das máquinas agrícolas e industriais é prejudicada com as constantes paralisações. Na indústria, o processo produtivo é prejudicado devido ao alto teor de impurezas aderida na cana. Outro aspecto a ser considerado é a ociosidade da mão de obra, além dos custos industriais para retomada da produção durante esses períodos de paralização”, apontam.

Um estudo realizado pela MBF mostra que uma frente de colheita pode envolver mais de 65 pessoas e o custo diário estimado ultrapassa R$ 6,5 mil, somente com mão de obra. Para o estudo utilizou-se uma frente composta por quatro colhedoras e 14 operadores, sendo dois folguistas, oito tratores e transbordos com 29 operadores, dos quais, cinco são folguistas.

Eles admitem que na lavoura o prejuízo é significantemente maior, pois devido à demanda de matéria-prima pela indústria, os maquinários entram na lavoura mesmo com o solo muito úmido, danificando a soqueira, compactando e prejudicando o solo e, consequentemente, as safras futuras, além da queda na longevidade do canavial. “É importante ressaltar que as operações de preparo de solo em uma área sujeita a compactação são mais intensas, exigindo maior esforço das máquinas durante o preparo, podendo elevar o custo desta operação. Em relação à queda na longevidade do canavial, em um ano, considerando-se uma lavoura cujo o rendimento médio estimado gire em torno de 80 toneladas de cana por hectare, é possível se produzir de 200 a 215 sacas de açúcar, correspondendo atualmente entre R$ 16,5 mil a 17 mil reais (R$ 79,18/saca – ESALQ base 04/12/2015)”, afirmam.

Além disso, concluem que é importante realizar um estudo de viabilidade, considerando-se a moagem ou não da cana remanescente, destacando-se que estas lavouras não processadas (cana bis) não receberão tratos culturais devido ao seu porte, o que seria um custo a menos.

“Ressalta-se que em muitos casos, devido ao peso de uma cana bis, geralmente ocorre tombamento, dificultando as operações de colheita. Porém mesmo com este inconveniente, operações mecanizadas em períodos de chuva não são indicadas, podendo resultar em prejuízo financeiro, em vez de melhorar os recursos”, completam os consultores da MBF Agribusiness.


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