Conheça Valdir, o identificador de variedades
30-04-2015

Ele consegue identificar centenas de variedades de cana-de-açúcar só na observação

 

Olho clínico. Esse é o talento de Valdir de Oliveira, 38 anos, técnico do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar (PMGCA) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), instituição que faz parte da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético). Ele consegue identificar centenas de variedades de cana-de-açúcar só na observação. Sem truques e com muita simplicidade, Valdir é referência no setor, onde há duas décadas atua pelo PMGCA/UFSCar.
Valdir trabalha na Estação Experimental de Valparaíso (EVA) da UFSCar e conta que teve seu primeiro contato com a cana-de-açúcar em 1994, como rurícola. Na época, realizava atividades como corte de cana e capinação das áreas experimentais. "Quando comecei, não sabia nada de cana. Para mim era tudo igual. Mas, com o tempo, o pessoal de campo me ensinou algumas coisas", revela. Dois anos depois, já despertado o talento de identificar variedades, Valdir foi atuar na FAI (Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico) da UFSCar.
Esse talento não se resume a identificar as variedades RB, desenvolvidas pela Ridesa, mas também as de outros centros de pesquisa, como o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), IAC (Instituto Agronômico de Campinas), entre outros. "Entre variedades e clones - ainda sem aplicação comercial - certamente sou capaz de reconhecer mais de 100", conta.

Segundo Valdir, o reconhecimento das variedades começa pela observação da cor do palmito

Com esse dom, Valdir se tornou um destaque entre os profissionais da área agrícola. Além de ser chamado para reconhecer as variedades em várias partes do Brasil, ele também ensina o ofício aos mais novos, na EVA. Ele lembra que há alguns anos foi chamado na Destilaria Maracaju - atualmente uma das três unidades da Biosev, em Mato Grosso do Sul - para reconhecer uma variedade inicialmente identificada como RB855113, mas com comportamento diferente. Apenas na observação, Valdir concluiu que se tratava da RB845197. "Não queriam acreditar. Levamos o material para análise e eu estava certo. Na época valeu até uma caixa de cerveja", brinca Valdir.

COMO RECONHER A VARIEDADE


Segundo Valdir, o reconhecimento das variedades começa pela observação da cor do palmito, seu comprimento e quantidade de cera existente. Em seguida o observador deve se aprofundar nas características morfológicas da planta, como a gema e tipo de aurícula. Outra "dica" para identificação da variedade é a observação da cor do colmo, principalmente na cana adulta. Características das folhas, como largura e arquitetura foliar, também são importantes referências que ajudam no reconhecimento varietal.
Valdir afirma que a variedade de seus sonhos é uma espécie de "RB867515 melhorada", que além de se desenvolver bem em ambientes restritivos, ser tolerante à seca e resistente às principais doenças, tenha também maior perfilhamento e maior produtividade. E para suplantá-la, Valdir afirma que os profissionais da Ridesa/UFSCar trabalham duro.
A Universidade mantém um jardim varietal, onde estão plantadas cerca de 280 variedades de cana, das mais antigas às mais novas. A área é renovada a cada dois ou três anos para garantir maior vigor da planta.
No local podem ser encontradas variedades exóticas e de outras instituições nacionais ou estrangeiras. "Esse jardim varietal é importante para que a história seja preservada, além de auxiliar no treinamento das pessoas que pretendem atuar no campo", conta. Valdir diz que não tem qualquer intenção de guardar segredos sobre seu talento; por isso, afirma que estimular outras pessoas a identificar as variedades é uma satisfação profissional.

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