Coplana estuda soluções rentáveis para áreas declivosas de cana-de-açúcar
07-07-2015

Cerca de 600 mil hectares ocupados com cana-de-açúcar, no estado de São Paulo, ficam em áreas declivosas, segundo o Instituo Agronômico da Secretaria de Agricultura do Estado (IAC). Esta constatação aponta para um problema:

Considerando a inviabilidade de mecanizar as lavouras canavieiras de acentuado declive, por conta da instabilidade das máquinas nestes relevos, como as colhedoras, usinas e produtores de cana paulistas precisam encontrar uma solução.
É que em São Paulo, o Protocolo Agroambiental da Cana-de-açúcar, firmado entre a indústria sucroenergética, os produtores de cana e o governo estadual em 2007, estabelece o ano de 2017 como prazo final para o fim da colheita com uso do fogo em todas as áreas ocupadas com cana no estado, inclusive as não mecanizáveis (declivosas). Este mesmo protocolo estabelecia que os produtores tinham até 2014 para extinguir a colheita por meio da queimada nas áreas mecanizáveis no estado, o que, diga-se de passagem, acelerou o processo de mecanização, que já beira a casa de 90%. No entanto, ainda não há tecnologia eficiente para a colheita da cana em declive.

Mas quem planta cana-de-açúcar em terrenos acidentados, com declive superior a 12 graus, o que deve fazer? Não poderá queimar a cana nestas áreas para realizar a colheita. E colher a cana crua por meio do corte manual não é viável, sem contar que a falta de mão de obra para esta atividade é cada vez maior.

E 2017 não está longe. Por isso, a Coplana está realizando um estudo de culturas que poderão ser incorporadas pelos produtores de cana nas áreas com declividade hoje ocupadas com cana. Segundo José Antonio Rossato, a cooperativa está em fase de levantamento da dimensão das áreas declivosas pertencentes aos cooperados. “Não acreditamos que a indústria de maquinaria vai conseguir desenvolver colhedoras com estabilidade de colheita desses canaviais, assim como não acreditamos que haverá mão de obra disponível para colher cana crua nesses locais”, diz. “Nesse sentido, faz-se necessário buscar culturas alternativa para suprir essas áreas”, acrescenta.

Duas culturas que já são produtos da Coplana, o amendoim e a soja, mas tradicionalmente produzidas no regime de rotação com cana, são opções de cultivo nos terrenos com declive. No entanto, o Departamento de Tecnologia e Inovações da Cooperativa está ampliando os estudos sobre o assunto, a fim de oferecer aos produtores de cana um leque de possibilidades que lhes garantam rentabilidade. “Estamos abertos a qualquer possibilidade, desde que esteja dentro da nossa condição edafoclimática e tenha viabilidade econômica. Além de culturas agrícolas, também podem ser diferentes tipos de criações de animais. Hoje estamos em processo de análise da questão.”
Talvez a soja seja uma opção interessante, mas a Coplana também analisa, por exemplo, o uso do eucalipto, da seringueira, de criação de alguns animais, além de outras culturas estratégicas.

Quem sabe até ter culturas que possam ser usadas para a produção de biodiesel. “Acredito muito na verticalização do negócio. Seja qual for a cultura ou as culturas que vierem a ocupar essas áreas, que sejam feitos estudos com base na agregação de valor. Não podemos, como produtores rurais, sermos apenas provedores de alimento in natura, mas sim de produto agregado, que tenha sinergia com o nosso negócio.”

Hoje, para a Coplana, o amendoim é um caso de sucesso. Com atuação profissionalizada e agregação de valor por meio desta cultura, a cooperativa possibilitou uma remuneração diferenciada ao produtor. “Ao pensarmos em alternativas para essas áreas declivosas, sejam culturas ou criações, que não apenas sejam atividades que ocupem um espaço que a cana deixou de ocupar. A ideia é também criar uma agroindústria que gere uma agregação de valor e retorne ao produtor rural em forma de remuneração.”


Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.