Cortadores de cana que querem ser demitidos de usina voltam ao trabalho
30-11-2015

Voltaram ao trabalho neste sábado (28) os 500 cortadores de cana que fizeram uma paralisação em Pontal (SP) reivindicando que a Usina Bazan os demita e garanta todos os direitos trabalhistas. O trabalhadores encerram o movimento iniciado na sexta-feira (27), depois de uma reunião com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e advogados da empresa.
Há anos, segundo eles, os trabalhadores acordam com os empregadores para que sejam demitidos sempre ao fim da safra e que recebam os benefícios. Porém, a empresa teria se recusado a assinar as dispensas porque o contrato assinado com os cortadores é por tempo indeterminado.
No encontro ficou definido que os cortadores de cana deverão ser demitidos pela usina até o dia 11 de dezembro, com o término do período de safra. Além disso, os trabalhadores deverão receber os direitos previstos em lei, como férias e fundo de garantia proporcionais, seguro-desemprego e 13º salário.
Na reunião também seria definido o número de trabalhadores que têm interesse em ser demitidos. A informação seria necessária, segundo o Sindicato Rural de Sertãozinho, para dar sequência a qualquer tentativa de acordo. Entretanto, a quantidade total de cortadores de cana que querem ser desligados não foi divulgada pela usina nem pelo MPT.
Segundo um dos representantes dos empregados, Aloísio Vieira, é pequena a quantidade de pessoas que querem continuar trabalhando na usina após a safra. "Na minha turma, de 45 peões, querem ficar só quatro", disse. "Os outros querem ir embora, mas não é bem assim, eles [usina] que têm que mandar embora".
Grande parte dos trabalhadores é do Nordeste e conta com os recursos para poder passar as festas de fim de ano com seus familiares. "Quero passar final de ano com minha família, não posso ficar aqui", disse o cortador Ivanildo da Silva Carvalho.
Paralisação
Os trabalhadores passaram a sexta-feira parados no ponto de distribuição da usina em Pontal pedindo para que sejam demitidos. Eles dizem que, normalmente, entram em acordo com a empresa para que sejam definidos no fim da safra.
No entanto, segundo cortadores como Claudecir Pereira de Souza, este ano a usina não quis proceder da mesma forma, apesar de ter dado essa garantia.
"O contrato é com prazo indeterminado, mas todo ano eles dispensam. Este ano eles não querem dispensar. Nós tínhamos dúvida se eles iam dispensar. No início do ano a gente foi lá e, antes de registrar no escritório, a gente perguntou. Eles falaram: vai, pode trabalhar certinho que no final do ano dispensa. Só que agora eles falaram que não dispensam", afirmou.