Cosan decide elevar investimentos em 2018 e não desiste da Argentina
14-05-2018

O gerente-executivo de relações com investidores da Cosan, Philipe Casale, afirmou que a empresa deve novamente enfrentar um cenário desafiador em 2018, por conta da retomada lenta da economia, mas já definiu uma estratégia para mitigar os efeitos da baixa atividade.

“O ritmo da retomada está mais gradual, pressionando nossa atividade”, disse nesta sexta-feira (11). “Mas continuamos nos apoiando na consistência de nossa estratégia”, afirmou, em teleconferência para anúncio de resultados. A empresa registrou aumento de 68% no lucro do primeiro trimestre, na comparação anual, para R$ 345,7 milhões.

A estratégia da Cosan inclui, entre outros pontos, o aumento do número de postos de gasolina da Raízen Combustíveis, licenciada da marca Shell no Brasil. A expectativa é de que a divisão aumente seus investimentos dos R$ 781 milhões de 2017 para um intervalo entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão em 2018.

Argentina

As dificuldades econômicas vistas na Argentina, que levou inclusive ao congelamento dos preços dos combustíveis por dois meses, não muda a postura da Cosan quanto ao setor de distribuição e refino, afirmou Casale.

O governo argentino anunciou na terça-feira (8) um acordo com as empresas petroleiras do país para um congelamento dos preços dos combustíveis durante dois meses. O objetivo é tentar controlar a inflação, que somente no primeiro trimestre do ano já subiu 6,7%, afastando-se cada vez mais da meta do governo de fechar 2018 em 15%.

A decisão ocorre no momento em que a Cosan está buscando as autorizações regulatórias necessárias para fechar a compra da rede de postos de combustíveis e atividade de refino e lubrificantes da Shell no país, anunciada no final de abril, por US$ 950 milhões

“Os eventos na Argentina não mudam nossa ideia de negócios. A Raízen vem avaliando o investimento há muito tempo, e ele é um ativo de muita qualidade, que se encaixa bem no portfólio da Raízen”, disse Casale.

Segundo o executivo, a empresa está vendo o negócio como uma forma de expansão na Argentina e que está trabalhando para conseguir as aprovações regulatórias para concluir a aquisição, sem dar um prazo.

“A Shell tem conseguindo manter a rentabilidade na Argentina, apesar da volatilidade da inflação e do câmbio. A empresa tem conseguindo manter rentabilidade em dólar”, afirmou.

Cana

O clima seco deve prejudicar a moagem da cana no ano safra de 2018/2019, o que fez com que a Cosan revisasse para baixo a sua projeção para moagem de cana-de-açúcar, afirmou Casale. A expectativa passou de um intervalo de 63 mil a 67 mil toneladas para um período de 62 mil e 66 mil toneladas.

Apesar disso, a perspectiva para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amotização (Ebitda, na sigla em inglês) foi mantida entre R$ 3,4 bilhões e R$ 3,8 bilhões, apoiado na perspectiva de bom desempenho do etanol, que apresenta rentabilidade maior.

“A rentabilidade do etanol foi melhor no ano passado e ajudou na formação do Ebitda, junto com o aumento no volume vendido”, disse. “Nossa estratégia será maximizar a produção de etanol, que tem remunerado melhor que o açúcar”.

A Cosan espera que a produção de etanol fique entre 2,3 milhões e 2,6 milhões de metros cúbicos, o que representa um crescimento de 4,2% e 18% em relação aos 2,2 milhões de metros cúbicos registrados no ano safra de 2017/20018, respectivamente.