Cotação do etanol se pauta pela oferta e procura
14-11-2016

O novo corte nos preços de combustíveis nas refinarias, anunciado na noite da última terça-feira pela Petrobras, deve ter reflexo limitado sobre as cotações do etanol hidratado, cujos valores devem continuar se pautando pelos fundamentos de oferta, que tende a ficar mais apertada nos próximos meses de entressafra. “Isso já está absolvido pelo mercado. A Petrobras vai seguir o mercado mundial, o que é positivo e dá transparência”, afirmou o diretor da Archer Consulting, consultoria especializada em commodities, Arnaldo Luiz Corrêa.
A estatal de petróleo cortou em 10,4% o valor do diesel e em 3,1% o da gasolina, ambos nas refinarias. A companhia informou que, se o ajuste definido for integralmente repassado ao consumidor final, o diesel pode cair 6,6%, cerca de R$ 0,20 por litro. No caso da gasolina, concorrente direto do etanol hidratado, a diminuição no preço final pode ser de 1,3%, ou R$ 0,05 por litro. Mas os preços do mercado são livres, dependem da política de cada segmento como das distribuidoras e dos postos.
A nova política de definição de preços da Petrobras prevê revisões ao menos uma vez por mês pelo comitê formado pelo presidente da estatal, Pedro Parente, o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino Ramos, e o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Ivan Monteiro. Em outubro, a empresa já havia reduzido os preços do diesel e da gasolina nas refinarias em 2,7% e 3,2%, respectivamente.
Celestino afirmou ontem que a companhia poderá fazer novas reduções de preços da gasolina e do diesel caso os preços nos mercados internacionais continuem caindo.
“Nós vamos ter preços alinhados com os preços do mercado internacional. Temos, estamos praticando e teremos (preços alinhados)”, garantiu o diretor.
O diretor de Refino e Gás da Petrobras explicou que a companhia decidiu pela redução dos preços da gasolina e do diesel porque desde o dia 14 do mês passado, quando reduziu os preços pela primeira vez desde 2009, os preços do petróleo e dos derivados, uma das variáveis na nova política de preços, tiveram uma queda da ordem de 12%. Só o petróleo caiu de US$ 52 o barril para US$ 46 por barril.
Segundo o diretor, a forte queda nos preços do petróleo e derivados no mercado internacional – da ordem de 12% desde o dia 14 do mês passado, quando a empresa reduziu os preços dos combustíveis – provocou uma perda na fatia de mercado da estatal. Segundo o diretor, o recuo, no mês passado, foi de 18% no mercado de diesel e de 6% a 7% de mercado da gasolina. Isso se deu porque os concorrentes aumentaram as importações em cerca de um milhão de metros cúbicos de diesel e de 190 mil metros cúbicos de gasolina.
Para o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, “ainda há espaço (para o preço da gasolina) cair mais”. “A Petrobras precisa recuperar caixa”, destacou. Segundo ele, a decisão da terça também mostra “que a companhia está caminhando para o mercado”.
Apesar das reduções anunciadas pela Petrobras, tanto em outubro quanto agora, a tendência para os preços do etanol ainda é de alta. Na BM&FBovespa, os futuros apontam cotações até 21% maiores durante a entressafra (janeiro a março) ante igual período do ano passado, segundo monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
As cotações do hidratado já estão firmes neste segundo semestre em virtude da menor produção, seja por causa das adversidades climáticas, seja pela preferência das usinas pelo açúcar, mais remunerador.
Produção menor – Conforme o relatório mais recente de acompanhamento de safra da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), na parcial da temporada, iniciada em abril, até outubro, a fabricação de etanol hidratado somava 12,3 bilhões de litros, 9% menos na comparação anual.