Crescimento da Jalles Machado está vinculado à trajetória de Otávio Lage Filho
25-10-2022

Otavinho participou diretamente de todos os momentos importantes da Jalles Machado
Otavinho participou diretamente de todos os momentos importantes da Jalles Machado

Governança segura liderada por Otavinho, como é também conhecido o CEO da empresa, criou condições, por exemplo, para abertura de capital e aquisição da Usina Santa Vitória, a terceira unidade do grupo  

Renato Anselmi

Imagens: Divulgação Jalles Machado

Mirando o longo prazo, a Usina Jalles Machado, de Goianésia, GO, tem acertado os seus alvos, conquistando ao longo do tempo um crescimento sólido e sustentável. Exemplo disso é a implantação de um plano de expansão, iniciado com a abertura de capital na bolsa de valores em fevereiro de 2021, o que possibilitou a aquisição, este ano, da Usina Santa Vitória, de Santa Vitória, MG, localizada na região do Pontal do Triângulo Mineiro, que possui um parque industrial moderno, com somente sete anos de operação.  

A compra dessa usina e da ERB MG Energias S.A. (Cogen ERB), a unidade de cogeração de energia da Santa Vitória, foi consolidada em 3 de outubro com a assinatura de documento entre o Grupo Jalles Machado e o Grupo Geribá. “Estamos muito entusiasmados e otimistas com essa nova fase da empresa. Recebemos nossos novos colaboradores de braços abertos. Juntos, vamos seguir crescendo, com sustentabilidade e compromisso com os nossos clientes e com a comunidade”, comemora o CEO da Jalles Machado, Otávio Lage de Siqueira Filho.

A Usina Jalles Machado começou como uma destilaria autônoma

O crescimento da companhia se deve a uma governança segura que se preocupa em criar condições para que os passos sejam dados de acordo com as possibilidades, afirma Otávio Lage Filho. Aliás, o sucesso desse grupo sucroenergético tem muito a ver com a trajetória e a atuação do Otavinho, como é também conhecido no setor, que sempre comandou a empresa – fundada pelo seu pai, Otávio Lage de Siqueira, ex-governador de Goiás, em 1980.

O CEO da Jalles Machado só não ficou a frente da companhia entre julho de 2000 a dezembro de 2008, período que inclui a candidatura a prefeito de Goianésia e dois mandatos sucessivos no comando do Executivo Municipal.

Otavinho participou diretamente de todos os momentos importantes da Jalles Machado, que iniciou as suas atividades como destilaria autônoma. Considerado um dos mais influentes do setor sucroenergético, o CEO da Jalles Machado faz questão de dividir o sucesso com os funcionários da empresa. “As conquistas são compartilhadas com todos. A equipe faz a diferença e permite que a gente possa fazer, às vezes, outras coisas, como participar de novas atividades, inclusive como representante do nosso segmento”, observa.

A segunda unidade do Grupo foi a Otávio Lage

Além de ter sido prefeito de Goianésia, ele já atuou como presidente do Conselho Deliberativo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), presidente do Conselho da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial Goiás). Foi também integrante do Conselho de Administração da Fundação Abrinq e do Conselho de Administração do Centro do Tecnologia Canavieira (CTC). É diretor da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). Otávio Lage Filho é formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Administração de Empresas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (UniCEUB).

A Jalles Machado valoriza a gestão de pessoas – enfatiza. As práticas sustentáveis, a diversificação da produção e a transparência são outras marcas da gestão da companhia. “Decidimos fazer a abertura de capital pela governança que a gente já realizámos. A nossa participação na bolsa de valores não mudaria muito a nossa maneira de trabalhar”, afirma. Segundo ele, parceiros da empresa – que atuam nessa área – também incentivaram a abertura de capital. “Diziam que não seria complicado devido a nossa governança e ao bom nome no mercado”, relata. 

A aquisição da Usina Santa Vitória expande a atuação do Grupo para fora de Goiás

Esse grupo sucroenergético considerou a medida estratégica para a captação de recursos e voltar a crescer, como foi inclusive proposto na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia. Em decorrência da aquisição da Usina Santa Vitória e de investimentos na ampliação da produção, a empresa deverá processar 8,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra até 2024. No ciclo 2021/2022, o grupo moeu 5,357 milhões de toneladas. Na atual safra, a produção deverá ficar entre 5,200 milhões e 5,350 milhões de toneladas – informa.

A capacidade total do grupo é de processar 9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, sendo 3,3 milhões na Usina Jalles Machado; 3 milhões na Usina Otávio Lage e 2,7 milhões na Usina Santa Vitória.

A moagem na safra 2021/2022 (5,357 milhões de toneladas) é o melhor resultado obtido pela companhia em sua história.  O grupo teve também um desempenho marcante, nesse período, na área financeira: a receita líquida somou R$ 1,45 bilhão, com uma elevação de 127,6% no lucro líquido, que aumentou de R$ 170,4 milhões para R$ 387,9 milhões.

A empresa deverá processar 8,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra até 2024

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS - “Trabalhamos muito a questão da sustentabilidade ambiental. A gente sempre respeitou bastante o meio ambiente, porque é dele que tiramos o nosso ganha-pão”, ressalta Otávio Lage Filho. Entre as práticas sustentáveis da companhia, incluem-se a produção de energia renovável a partir do bagaço e da palha da cana, controle biológico de pragas, participação no programa RenovaBio, viveiro de mudas nativas e reflorestamento, gestão de recursos hídricos, rotação de culturas, fertirrigação, produção orgânica.

Além dos inúmeros benefícios ambientais proporcionados pelas práticas desse grupo sucroenergético, há ainda os ganhos financeiros provenientes da comercialização de Créditos de Descarbonização (CBios). Segundo o CEO da empresa, quando a companhia começou a se preparar para atuar nessa área, a projeção era que o CBio ficaria em torno de dez dólares. O valor, no entanto, disparou e chegou a um patamar de R$ 200,00. Em julho, o CBio estava em torno de R$ 175,00 – exemplifica. “O preço tem se mantido muito bom”, afirma.

Para este ano, a projeção é que fique entre 90 e 93 TCH, havendo, no entanto, ganhos com o ATR (Açúcar Total Recuperável)

AMPLIAÇÃO DO MIX - Outra marca da gestão de Otávio Lage Filho é a diversificação da produção. A empresa sempre entendeu a importância da ampliação do mix de produtos, de acordo com o CEO da companhia. “Depois de etanol e açúcar, passamos a fazer cogeração para usar a energia na irrigação. A Jalles sempre adotou muito essa prática e hoje diversas usinas estão partindo para a irrigação. Aqui tem uma característica interessante: o clima é bem definido, com períodos de chuva e seca”, observa.

A irrigação tem sido uma grande aliada da produtividade da cana-de-açúcar da Jalles Machado. “Fazemos o açúcar e o etanol no campo”, diz ele, ressaltando a importância da obtenção de bons resultados nos canaviais. Na safra passada, a produtividade média atingiu 93 toneladas por hectare (TCH). Para este ano, a projeção é que fique entre 90 e 93 TCH, havendo, no entanto, ganhos com o ATR (Açúcar Total Recuperável).  No ciclo 2021/22, ficou em 138 kg/t. Na atual safra, deve aumentar para 143 Kg/t a 145 Kg/t – compara.

A empresa é uma das maiores exportadoras de açúcar orgânico do mundo

“Temos produtos diferenciados”, destaca. Além de etanol (hidratado, anidro, orgânico e industrial), açúcar convencional, light e orgânico, a empresa produz também levedura, saneantes, álcool gel, achocolatado, café. Essa diversificação é uma das características marcante da trajetória da Jalles Machado. A empresa é uma das maiores exportadoras de açúcar orgânico do mundo. Durante a Covid, a usina disponibilizou o álcool gel para várias instituições – inclusive em um período que havia demanda elevada pelo produto –, ajudando o governo do Estado de Goiás, prefeituras, associações no combate à pandemia.

A Jalles Machado iniciou a implantação do projeto de produção de biogás junto com a Albioma – que é parceira da empresa na cogeração de energia. Com essa medida, que faz parte da proposta de IPO da companhia, haverá um aumento da cogeração de energia a partir da utilização de biogás da vinhaça – informa.

Outra marca da gestão de Otávio Lage Filho é a diversificação da produção

 

FUTURO DO SETOR – “Acredito muito nesse setor, porque a cana-de-açúcar se dá muito bem no país. O clima é apropriado, as terras são boas, a irrigação melhora a produtividade. Há muitas coisas compatíveis ao custo mais baixo. O etanol produzido no Brasil é bastante competitivo em relação ao de outros países que fazem álcool de beterraba”, compara Otávio Lage Filho.

Na avaliação dele, o etanol tem perspectivas positivas como combustível limpo e renovável, mesmo com um possível aumento do interesse pelo carro elétrico. “O ciclo de produção e funcionamento do carro elétrico, incluindo a questão das baterias e a fonte da energia elétrica, não o coloca como aquele que menos polui. Há um engano nisso, porque dependendo da fonte da eletricidade, ela já pode estar poluindo onde produz energia elétrica. É uma coisa que tem que ser estudada”, comenta.

Segundo o empresário, o investimento para viabilizar a rede de postos para carro elétrico é pesado. Mas, há uma solução para isto: a tecnologia, que extrai o hidrogênio da cadeia de etanol, e imediatamente transforma esse hidrogênio, por meio de equipamento, em energia elétrica, possibilita o uso imediato do carro. “A rede de postos, nesse caso, está toda montada. Não teria nenhum investimento a mais”, ressalta.

Essa tecnologia para o carro elétrico, conhecida como célula de combustível a etanol, resolve também a questão do armazenamento do nitrogênio – constata. “Várias montadoras já têm essa tecnologia. Onde tiver álcool de milho, de beterraba e de cana, poderá usar carro elétrico, sem problema de causar poluição. É uma energia renovável. Não tem também o problema da bateria que vai precisar, ao longo dos anos, de um depósito, que é altamente poluente”, observa.

 A célula de combustível a etanol resolve também a questão do armazenamento do nitrogênio

 AÇÕES SOCIAIS – Outro destaque da Jalles Machado é o trabalho social, além de ser uma empresa geradora de renda e emprego. O início das atividades desse grupo sucroenergético ocorreu num momento em que a região de Goianésia passava por um momento difícil de emprego. “Hoje temos aproximadamente 4000 funcionários na safra e em torno de 3000 na entressafra somente em Goianésia”, revela Otávio Lage Filho.

De acordo com ele, a companhia desenvolve diversas ações sociais. ”É uma empresa que ajuda Goianésia e municípios próximos. Procuramos atender diversas necessidades da comunidade”, salienta. A Jalles Machado fez recentemente uma parceria com a Prefeitura de Goianésia para a implantação do projeto “Catarata Zero”, voltado para a realização de cirurgias de catarata para as pessoas idosas de baixa renda – exemplifica.

Investimento em tecnologia de ponta e na qualificação dos colaboradores são pilares na Jalles Machado

SAÚDE E EDUCAÇÃO - Como prefeito de Goianésia, Otavinho teve a oportunidade de deixar sua marca como gestor público. “Sempre procurei fazer um trabalho sério. Plantamos boas sementes, deixamos boas raízes, que estão dando bons resultados”, enfatiza. Entre as diversas realizações durante dois mandatos, ele destaca a implantação da universidade, que tem mais de 2000 alunos, e a construção de casas para famílias de baixa renda.

“Muitas famílias foram assistidas por médico, dentista e agente comunitário de saúde. Eles visitavam residências. Era um programa sério. Fizemos creches, boas escolas, asfaltamos todos os bairros que não tinham essa benfeitoria. O índice de saneamento aumentou de 28% para 80% de esgoto coletado e tratado”, detalha.

Otávio Lage Filho afirma que aprendeu muito e, com o tempo, transferiu para a comunidade a sua experiência na iniciativa privada. “Foi um trabalho interessante. Conheci pessoas que precisam do apoio do poder público. Houve investimento para melhorar as condições de vida da população. A gestão foi bem avaliada”, observa.

Em sua opinião, o desvio de dinheiro e confusão política sempre vão prejudicar alguém. “Vai faltar remédio, saúde para quem precisa. E a gente só melhora a qualidade de vida se tivermos uma boa saúde, uma boa educação para as pessoas. Caso contrário, o Brasil vai ficar sendo eternamente o país do futuro”, avalia.

 A Jalles Machado também produz mudas de plantas nativas para reflorestamento

Para Otavinho, o país não tem como crescer sem investimento nessas áreas. “A saúde das crianças precisa estar boa para elas irem para a escola. É necessário também ter uma escola que atraía, porque a evasão hoje é alta. Muitos adolescentes fazem o 9° ano, mas não fazem o ensino médio. A saúde e a educação não deviam ser um plano de governo, têm que ser de Estado, independente de quem esteja lá”, ressalta.

Fonte: CanaOnline