Criado pela Ridesa do Paraná, o “Tapetinho” é mais uma alternativa no processo de melhoramento de cana
03-06-2015

Faz parte da missão da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) desenvolver variedades que atendam às necessidades do setor, além de conceber técnicas e conceitos que aprimorem o trabalho realizado pelas unidades que compõem a própria Rede.

Exemplo disso foi o surgimento de um sistema conhecido como “Tapetinho”, criado pelo Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar (PMGCA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No decorrer de uma tese de doutoramento de seleção de seedlings de deferentes estaturas e vigor, o restante da caixa de germinação era jogada fora, com mais de 2.500 seedlings sem utilização. Atentos a este fato, o professor Edelclaiton Daros e o pesquisador Heroldo Weber, da UFPR, tiveram a ideia de aproveitar a campo estas caixas. Isto se iniciou com a série RB10, com plantio em outubro de 2010 e primeira seleção em março de 2011. Verificou-se que este sistema elevava a quantidade de mudas levadas a campo, aumentando as chances de se encontrar um novo material.

“No Paraná, aumentamos a quantidade de mudas que se leva a campo. Eram em torno de 300 mil plântulas, mas com o Tapetinho, conseguimos elevar para cerca de 4 milhões de plântulas. Assim, as chances de se encontrar um novo material são muito maiores”, afirma Edelclaiton, que é professor titular e pesquisador do PMGCA da UFPR, além de coordenador nacional da Ridesa.

Vários programas de melhoramento genético do país já adotaram o sistema. “Conforme cada universidade incorpora essa técnica, já a aperfeiçoa”, acentua Edelclaiton.

 

BENEFÍCIOS DO MÉTODO

O Tapetinho representa um avanço na fase de seleção de plântulas (seedlings) de cana-de-açúcar, denominada de T1.

Esta fase compreende o semeio de sementes de cana oriundas dos cruzamentos realizados em Devaneio, PE, estação de cruzamento liderada pela equipe da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e na Serra do Ouro, sob os cuidados dos pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ambas integrantes da RIDESA.

Para uma população média dos T1, com aproximadamente 400 mil plântulas, precisa-se de 40 a 45 hectares. O trabalho de preparo, manejo e plantio apresenta um elevado custo, além de exigir um período de dois anos para serem selecionados, em soca.

Já o Tapetinho torna o processo mais eficiente. Neste método, as sementes são colocadas em caixas para germinar e após 45 dias são levadas ao campo e retiradas das caixas e colocadas no sulco. Sai um tapete, daí a denominação Tapetinho. Após seis meses faz-se a seleção dos clones que se sobressaem do tapete – seleciona-se os materiais com maior vigor, estatura, riqueza e resistências às doenças. Em seguida são plantados em uma fase denominada de T1 Colmo, podendo ser selecionados em planta ou soca.

Ao sintetizar os benefícios do Tapetinho, vale destacar que, em uma área de 1.000 m2, pode-se colocar até 4,5 milhões de plântulas, enquanto no T1 tradicional são necessários 500 hectares. Já a taxa de seleção do Tapetinho varia de 0,10 a 0,15%, havendo a seleção de 4.000 a 6.000 clones. Em no máximo 8 meses é realizada a seleção neste novo método, enquanto no tradicional são 24 meses, até a seleção. O Tapetinho também permite avaliar o potencial da família em relação a doenças, principalmente carvão, ferrugem marrom e ferrugem alaranjada.

De acordo com Edelclaiton, para se ter uma ideia da agilidade, da série RB14 já foram selecionados 7.324 clones, que estão no campo sendo avaliados na estação experimental de Paranavaí, dentro do PMGCA/UFPR/Ridesa.