Cuba apela à tração animal para cultivar cana devido à crise energética
19-09-2019

 

Sanções do governo Trump e crise venezuela provocaram escassez de combustível na ilha

HAVANA - Cuba está incorporando cerca de 4 mil juntas de bois que devem substituir o maquinário no cultivo da cana-de-açúcar , uma medida inédita desde o Período Especial vivido pela ilha no início dos anos 1990, depois do fim da União Soviética. A medida é uma resposta a uma crise de combustíveis que o governo avalia que seja conjuntural, informaram autoridades do setor.

—  Diante do déficit de combustível atual, estão sendo adotadas medidas como incorporar às plantações de cana e à produção de alimentos cerca de 4 mil juntas de bois —  informou Julio García Pérez, presidente do grupo estatal Azcuba.

As juntas são duplas de bois usadas em trabalhos de tração no campo.

García Pérez fez o informe diante do presidente Miguel Díaz-Canel e de outros membros do governo, disse nesta terça o site da Presidência.

O cultivo e a colheita da cana-de-açúcar em Cuba foram mecanizados em grau avançado no século passado. Porém, durante o Período Especial, foi necessário recorrer à tração animal —  situação que foi superada com o fornecimento de petróleo venezuelano à ilha desde o início do século XXI.

A situação voltou a se complicar com as sanções econômicas dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano, que impedem o fornecimento normal a Cuba. Além disso, a ilha enfrenta sanções decretadas pelo governo de Donald Trump, que reduziram seus ganhos com o turismo e com remessas de cubanos que moram nos EUA.

García Pérez também explicou que estão sendo usadas alternativas para a fertilização don solo, com dois subprodutos da fabricação de açúcar —  cachaça e vinhaça —  que "contribuíram para economizar cerca de 800 mil dólares, substituindo fósforo e potássio".

Segundo o relatório, Díaz-Canel pediu para "pesquisar e aplicar todas as alternativas possíveis no plantio de cana". O açúcar é um dos principais produtos de exportação da ilha.

 

Fonte: AFP - Texto extraído do portal O Globo