Custo de produção da próxima safra deve ser superior ao do ciclo atual
15-12-2021

Alta nos custos de produção estão sendo puxados pelo aumento nos preços dos insumos e também pelos valores pagos por arrendamentos e canas de fornecedores
Alta nos custos de produção estão sendo puxados pelo aumento nos preços dos insumos e também pelos valores pagos por arrendamentos e canas de fornecedores

Estima-se que custo total da safra atual alcance uma elevação de 23% em relação ao ciclo passado. Projeções para 2022/23 indicam números ainda piores

por Leonardo Ruiz

A safra 2021/22 ainda não terminou oficialmente no Centro-Sul do país, mas as atenções já começam a se voltar para o novo ciclo, com início previsto para 1º de abril de 2022. As primeiras estimativas apontam que os preços do açúcar e etanol continuarão remuneradores. Por outro lado, os custos de produção, que este ano já registraram forte elevação, devem ficar ainda mais altos no próximo. Fato que vem preocupando usinas e fornecedores.

Na última semana, o Grupo IDEA promoveu a 20ª edição do Seminário sobre Produtividade e Redução de Custos, que discutiu os gargalos atuais do segmento e quais as saídas para melhorar o faturamento e aliviar o caixa das usinas e produtores de cana. Durante o evento, o sócio-diretor da Sucrotec, Francisco Oscar Louro Fernandes, apresentou os custos de produção da safra atual, bem como suas previsões para o próximo ciclo.

Segundo ele, os custos de produção da safra 2021/22, já corrigidos pela inflação, devem registrar uma elevação de 23% em relação a 2020/21, puxados principalmente pelo valor pago por arrendamentos e canas de fornecedores, em função do aumento dos preços do ATR, e pela alta dos adubos e outros insumos, cujos preços vêm sendo impulsionados pela desvalorização cambial. “Se retirarmos dessa conta os elementos que são mais suscetíveis ao preço do ATR, teremos um aumento real de 15% nos demais custos de produção, o que ainda é um valor bastante significativo, porque é 15% acima da inflação.”

Com relação a próxima safra, Fernandes explica que a inflação dos insumos da indústria sucroenergética sofreu uma forte e rápida intensificação a partir de meados de 2020, permanecendo em alta até hoje. Com base nesses dados, ele acredita que, até por inércia dos preços, que sobem mais rápido do que caem, espera-se que o custo de 2022/23 fique ainda mais alto do que o observado neste ciclo. Outro elemento a ser considerado deverá ser a mão de obra, que ficou defasada nos últimos dois anos e tem pressão altista devido a aceleração do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

“Estimativas iniciais apontam que não haverá aumento significativo da produção de cana no próximo ano. Caso essas expectativas se concretizem, será mais difícil diluir os custos via aumento de moagem/produtividade. Por conta disso, o controle dos custos de produção em 2022 será mais importante do que nunca”, observou Fernandes.

Fonte: CanaOnline