Desaceleração chinesa: oportunidade ou desafio para o agronegócio brasileiro?
10-06-2016

Agora, o objetivo principal da China é estimular o consumo interno

A China já estava acostumada com um crescimento elevado do seu Produto Interno Bruto (PIB) que registrou aumentos anuais de dois dígitos nas últimas décadas. No entanto, essa conjuntura econômica mudou e, no ano passado, o PIB chinês cresceu em torno de 7%, a menor taxa dos últimos 25 anos. A desaceleração chinesa preocupou o mundo e ainda deve gerar receios nos próximos anos, uma vez que o menor nível de atividade econômica da China não deve ser passageiro, por ser fruto das novas diretrizes da sua economia, que agora preza por taxas de crescimento mais sustentáveis.

Desde 2010, o governo da China mudou a estratégia econômica, com o lançamento dos planos quinquenais 2011-2015 e 2016-2020. Anteriormente, o país era focado em prover investimento para estimular a produção e posterior exportação, fazendo com que os produtos chineses fossem encontrados no mundo todo. Esse modelo econômico permitiu à China atingir altos níveis de crescimento, mas não garantiu melhoria na qualidade de vida da população. Agora, o objetivo principal da China é estimular o consumo interno, por meio do aumento de salários, garantia de poder de compra e maior acessibilidade da população aos serviços básicos como saúde, educação, moradia e seguridade social.


Os números chineses mostram que a nova política já surtiu efeito. O PIB foi reduzido e o crescimento do consumo já é superior ao investimento. Agora, a economia mundial terá que se adaptar à nova condição chinesa e, como em toda transição, sobressaltos são esperados. A China tem um papel de extrema importância na economia mundial uma vez que, por ser uma das maiores importadoras do mundo, todos os países que, de alguma forma, se relacionam comercialmente com ela serão afetados.

No caso do Brasil, a China é uma grande parceira comercial, principalmente quando se fala no agronegócio. A China está em primeiro lugar no ranking dos principais destinos dos produtos agropecuários brasileiros. Em 2015, 24% do valor gerado com as exportações do agronegócio vieram da China, segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em alguns segmentos, a China realiza compras expressivas, como, por exemplo, a soja em que 71% do valor gerado pelas exportações brasileiras é proveniente da China. Assim, é importante ter em mente como o agronegócio brasileiro pode ser impactado pelas mudanças chinesas, a fim de se preparar para os desafios que virão e para as oportunidades que podem surgir.

No curto prazo, o agronegócio brasileiro deve se preparar para a volatilidade de preços no mercado financeiro. A alta especulação e a redução do consumo de commodities não agrícolas pela China, a exemplo do petróleo e dos minerais, devem gerar instabilidades nas bolsas internacionais e nos mercados futuros. No começo de 2015, em diversos momentos, algumas commodities agrícolas, como no caso do açúcar, apresentaram quedas momentâneas em decorrência das especulações provenientes da China.

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