Dia do engenheiro-agrônomo: saiba o que faz esse profissional
12-10-2024

Thiago Rodrigues Silveira é engenheiro-agrônomo na Verdureira Agroindústria — Foto: Verdureira/Divulgação
Thiago Rodrigues Silveira é engenheiro-agrônomo na Verdureira Agroindústria — Foto: Verdureira/Divulgação

Conheça histórias de quem se dedica ao manejo das lavouras

Por Daniela Walzburiech e Luciana Franco — São Paulo

O mundo está cada vez mais urbanizado. De acordo com dados do Relatório Mundial das Cidades publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 55% da população do planeta vive em áreas urbanas. A estimativa é que o número aumente para 68% até 2050 e passe a 85% se o recorte for apenas o Brasil.

Diante deste cenário, uma profissão ganha ainda mais importância para valorizar e cuidar do campo, lugar que produz, alimenta e abastece as metrópoles por meio da agricultura: o engenheiro-agrônomo.

De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), atualmente existem cerca de 146 mil profissionais registrados no Sistema Confea/Crea que atuam como agrônomos ou engenheiros florestais no Brasil. A profissão foi regulamentada em 12 de outubro de 1933 no decreto nº 23.196 assinado por Getúlio Vargas, presidente do País na época, data em que se comemora o dia do engenheiro-agrônomo.

O que faz o engenheiro-agrônomo?

As funções desempenhadas pelos profissionais da área são inúmeras e vão desde uma orientação mais simples ao produtor rural até melhoramento genético, implementação de práticas de sustentabilidade, irrigação, drenagem e produção, análise do solo para evitar erosão e outros problemas nas lavouras, programas de controle de doenças e pragas, topografia, geoprocessamento e muito mais.

Alceu Assis Vicente, de 60 anos, é engenheiro-agrônomo há 35 e exerce atualmente a função de coordenador estadual de fruticultura na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A motivação para iniciar o curso foi a família que, frequentemente, enfrentava problemas nos pomares da propriedade.

“Éramos nós que tínhamos que resolver, mas nem sempre a gente conseguia resposta para os problemas. E eu, como jovem e curioso, resolvi me dedicar à agronomia para ter todo aquele aprendizado. Com o passar dos anos, fui me dedicando mais à fruticultura, que é uma das alas da agronomia. É um setor que eu adoro demais”, conta à Globo Rural.

Necessidade de atualizações são constantes

Hoje, com experiência e a carreira consolidada, Vicente entende que a busca do engenheiro-agrônomo por conhecimento e atualização é primordial para o futuro da atividade agrícola.

“Os desafios são tão grandes ou ainda maiores que qualquer outro setor da economia brasileira ou mundial. A agricultura ainda tem uma questão que é a produção à “céu aberto”. Por isso, enfrenta adversidades climáticas cada vez mais frequentes, chuvas em excesso ou secas. E essas dificuldades precisam ser superadas dia após dia”, diz.

Este é um dos motivos pelos quais o agrônomo Leandro Rocha, de 35 anos, de São Domingos do Maranhão (MA), pretende se especializar em sustentabilidade. “Todos os sistemas produtivos buscam ser mais sustentáveis. Por isso pretendo fazer uma especialização que ofereça mais sustentabilidade, como a produção orgânica”, diz Rocha, que se formou em 2015 e desde então trabalha com fruticultura no estado do Maranhão.

Antes disso, ele cursou dois anos da Escola Agrotécnica Federal de São Luís - atualmente Instituto Federal (IF) - onde se formou em técnico agropecuário. Gostou tanto da área que resolveu estudar agronomia na Universidade Federal do Maranhão. “Tudo o que eu tenho eu conquistei como agrônomo”, diz Rocha, que já trabalhou como consultor do Serviço nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e hoje além de oferecer consultoria para duas fazendas de abacaxi, arrendou uma área onde cultiva sua própria lavoura.

Uma nova geração, mesma dedicação

Thiago Rodrigues Silveira, de 26 anos, atua como agrônomo na Verdureira Agroindústria, em São Roque (SP), e garante: é muito realizado na profissão. Apesar de sentir satisfeito, trabalhar no campo não estava nos planos, mas tudo mudou depois de acompanhar a prima nas aulas do curso de agronomia da Universidade Federal de São Carlos. “Me apaixonei de cara. No ano seguinte, iniciei minha graduação na mesma área e nunca me arrependi”, afirma.

Thiago foi contratado para auxiliar no cultivo hidropônico de hortaliças. No entanto, como o universo da engenharia é amplo, foi envolvido em um projeto diferente: a produção em piscinas, a Deep Water Culture (DWC), também conhecida como ‘floating’.

“A implementação foi um verdadeiro desafio. Desenvolver um sistema praticamente do zero, sem contar com referências, não foi nada fácil, mas foi e ainda é muito engrandecedor. Olhar para trás e ver o tanto que evoluímos no manejo desse sistema, ter a certeza de que estamos no caminho certo e a clareza de onde devemos seguir é a confirmação de que estamos fazendo um bom trabalho”.

Apesar das dificuldades iniciais, a técnica deu certo, e a Verdureira Agroindústria se tornou pioneira no Brasil a utilizá-la em grande escala. E o cultivo inicial, que era de 39 toneladas, passou para 45,7 por mês em 16 piscinas. De acordo com a empresa, a produção é 12,5 vezes maior do que no solo, economiza mais de 90% de água e permite que as folhosas fiquem maiores e mais resistentes, com 15% a mais em peso.

Um dos responsáveis pelo projeto, Thiago afirma que está feliz na profissão que escolheu. “Produzir alimentos não é fácil. Demanda muito esforço, dedicação, compromisso e constância. Mas colher, literalmente, o resultado de seu esforço é a maior recompensa”, conclui.

Fonte: Globo Rural