Dia histórico: governadores se unem para defender o setor sucroenergético
06-03-2015

Em Goiânia, os mandatários dos estados que mais produzem cana se mobilizam para encontrar saídas para a agroindústria canavieira

O setor sucroenergético já enfrenta seis anos de muitas dificuldades. Para discutir saídas para esse cenário, responsável pelo fechamento de mais de 70 usinas, extinção de milhares de empregos nos últimos anos e queda da receita de inúmeros municípios, aconteceu na tarde de ontem, em Goiânia, GO, uma reunião entre cinco governadores de alguns dos estados que mais produzem cana, açúcar e etanol no país.
Além do anfitrião, Marconi Perillo (Goiás), também estiveram presentes Geraldo Alckmin (São Paulo), chefe do executivo do estado que mais produz cana no país, Beto Richa (Paraná), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Pedro Taques (Mato Grosso). Também participou o governador de Alagoas, José Renan Calheiros Filho, que não pôde comparecer pessoalmente, mas acompanhou virtualmente a reunião. Já o chefe do executivo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, esteve ausente por problema de agenda.
Todos se comprometeram em lutar pelas demandas da cadeia sucroenergética nacional. Segundo Rocha, presidente do Sifaeg e do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), há muito tempo um grupo tão significativo de governadores não se une no Brasil em prol de uma causa. “Isto evidencia a gravidade do problema”, pontua.

DISCURSO DOS GOVERNADORES
No discurso dos governadores, um ponto em comum: a necessidade de cobrar da presidenta Dilma Rousseff políticas que garantam segurança e competitividade ao setor sucroenergético.
Perillo lembrou que, num momento em que o etanol brasileiro se firmava como fonte importante de energia renovável no mundo, houve uma redução drástica das políticas de apoio por parte da União, que preferiu apostar todas as fichas no pré-sal.
Os cinco governadores presentes na reunião e o governador de Alagoas assinaram uma carta de apoio ao setor sucroenergético, endereçada à presidenta Dilma Rousseff. O documento traz várias reivindicações do setor, essenciais para a sua recuperação.
Um dos pedidos feitos à presidenta é a renegociação da dívida do setor. Beto Richa falou sobre este endividamento. Segundo ele, a atividade precisa de apoio, não pode continuar com esse “endividamento monstruoso, que tira a capacidade de investimento”. Para ele, são necessárias "políticas que tragam segurança ao setor produtivo, e não medidas e anúncios improvisados".
Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, salientou a importância de o governo federal adotar políticas de estímulo à bioeletricidade a partir da biomassa. "Num momento de dificuldade de produção de energia, energia cara, é importante gerar bioenergia com um custo menor de transmissão e com menor perda.”
A carta com as reivindicações será entregue à presidente e a alguns ministros.

FÓRUM NACIONAL SUCROENERGÉTICO
Além dos governadores, também participaram da reunião os presidentes de sindicatos estaduais que compõem o Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), especialmente dos estados que tiveram seus governadores presentes no encontro.
"Esta mobilização mostra a melhor interlocução entre o Fórum Sucroenergético e os governos estaduais e federal", frisa Rocha.
Segundo ele, os governadores se demonstraram dispostos a ações individuais em cada estado para melhorar a competitividade do setor. “Dessas iniciativas, a mais importante é uma diferenciação da alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) entre o etanol e a gasolina.” Também se comprometeram em articular suas bancadas nos estados a favor de medidas que favoreçam o setor no Congresso Nacional.
Concordaram ainda em contribuir na interlocução com o Poder Executivo Federal a favor do setor. Tanto que os governadores assinaram a carta de apoio ao setor sucroenergético, que será entregue à presidente Dilma. “Um dos principais pontos da carta é a urgência de definição do nosso papel na política energética e que permita uma segurança jurídica maior ao setor”, frisa Rocha. “Uma definição que não apenas ajude na sobrevivência das empresas, mas que permita a retomada do crescimento e dos investimentos.”
“Uma das reivindicações é a introdução do etanol na matriz energética brasileira, além da participação do setor no Conselho Nacional de Política Energética”, diz Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindálcool-MT.
Para Santos, o encontro dos governadores comprova que o setor sucroenergético é fundamental para o país. É reconhecimento a uma atividade que produz energia e alimento, que proporciona riqueza aos municípios, que oferece milhares de empregos em toda sua cadeia. Por isso, em sua opinião, a reunião entre os governadores traz otimismo ao setor. “São governadores em início de mandado, que se reúnem para abraçar uma causa como essa. Isso traz esperança.”

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