Dicas para o produtor minimizar as consequências das oscilações do clima sobre o solo
29-08-2016

Todas as plantas absorvem os nutrientes através da água existente no solo, chamada solução do solo. Mas há fenômenos naturais que alteram as condições climáticas em todo mundo, que é o caso do El Niño, que provoca períodos de muita chuva no Sudeste do Brasil, como ocorreu na safra 2015/16.

O fenômeno fez com que ocorressem chuvas constantes na primavera, verão e parte do outono, o que trouxe reflexos positivos para as plantações de cana-de-açúcar. A oferta de nutrientes para a cultura é diretamente impactada, disponibilizando aqueles retidos no solo e trazendo mais eficiência para adubações.

“Esse conjunto de fatores trouxe ganhos significativos de produtividade nos canaviais do estado de São Paulo. Porém, houve casos de perdas causadas por erosões e lixiviação de nutrientes”, relata o especialista agronômico Luiz Eduardo Salgado.

Já na safra 2014/15, ocorreu o efeito La Niña, contrário ao ocorrido nesta última safra, reduzindo a oferta de chuvas no mesmo período. O fenômeno prejudicou a oferta de nutrientes nos canaviais, tanto nas áreas de plantio e renovação – devido à baixa precipitação pós instalação da cultura – como também nas áreas em produção após o corte da colheita. Assim, por conta da escassez de chuvas e altas temperaturas nesta fase, o rebrote e o desenvolvimento da cultura foram afetados, acarretando quebras de produção.

Segundo Salgado, apesar de ser impossível controlar o clima, existem algumas providências que o produtor de cana pode tomar para que seu cultivo não seja tão afetado pelos grandes períodos de seca, como ocorreram nos anos de 2013 e 2014. A primeira delas é realizar análise de solo de forma estratificada, coletando amostras a cada 20 cm até 1 metro de profundidade, para verificar como está a construção do perfil do solo, ou o chamado gradiente de fertilidade do solo ao longo do perfil.

“É importante que a análise do solo não se limite apenas à camada arável do solo. Com a correção dos índices de cálcio e eliminação de qualquer resíduo de alumínio que esteja presente até 1m ou 1m50 de profundidade, é possível garantir que as raízes fiquem mais profundas e estejam mais fortificadas, de forma a absorver água e nutrientes das camadas profundas do solo”, diz o especialista.

Ele também afirma que é necessário e recomendado que o produtor não realize a queima da cana no momento da colheita, chamada colheita da cana crua. Dessa maneira, as sobras da planta (palhada) depositadas na superfície dos solos proporcionam uma menor evaporação da água do solo e também um aumento da matéria orgânica.

“Esta matéria orgânica será capaz de reter água e nutrientes que irão auxiliar no fornecimento dessas substâncias e melhor desenvolvimento da cultura, reduzindo as quebras de produção causadas pela estiagem”, diz Salgado, que é especialista na empresa Mosaic Fertilizantes. Ele completa a informação, destacando que a matéria orgânica proporciona um solo mais friável (menos compactado), o que é positivo para o desenvolvimento e nutrição da cultura.



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