Diretor de renováveis vai assumir comando da Shell
16-09-2022

Ben van Beurden, presidente-executivo da Shell, vai deixar o cargo após quase uma década no posto. Wael Sawan, diretor de gás e energias renováveis, foi nomeado para substituí-lo. O anúncio feito nesta quinta-feira (15) encerra meses de especulações sobre quem iria suceder van Beurden na companhia de energia que faz parte do índice de ações FTSE 100.

Os executivos-chefes das grandes empresas de petróleo raramente ocupam seus cargos por mais de dez anos e as preparações para a saída de Beurden começaram pouco depois da nomeação de Sir Andrew Mackenzie como presidente do conselho de administração, em maio do ano passado, segundo informaram fontes a par do assunto.

Sawan, que assumirá no fim do ano, herda uma empresa que está gerando lucros recordes, mas ainda enfrenta grandes dúvidas sobre a força e o ritmo de sua estratégia para reduzir as emissões à medida que ela muda dos hidrocarbonetos para formais mais limpas de energia.

A Shell anunciou em julho lucro trimestral de US$ 11,5 bilhões, quebrando recorde de lucros pelo segundo trimestre consecutivo.

Sawan tem dupla nacionalidade, libanesa e canadense, nasceu em Beirute e há muito era visto como candidato a substituir van Beurden. Ele ingressou na empresa em 1997 e anteriormente comandou projetos de petróleo e gás no Qatar, operações de exploração em águas profundas a partir de Houston e a divisão de produção.

A nomeação de Sawan no ano passado como chefe das operações integradas de gás de energias renováveis do grupo foi vista internamente como sinal de que ele estava sendo preparado para o cargo principal. A divisão de gás e renováveis é agora a mais importante estrategicamente para a Shell, mas uma área em que Swan tem menos experiência. Ele é membro do comitê executivo da Shell desde julho de 2019.

Mackenzie descreveu Sawan como um "líder excepcional" com "visão estratégica" e um "entendimento profundo" da Shell e do setor de energia.

A Shell disse que o conselho de administração realizou uma extensa busca externa antes de nomear alguém de dentro. Outros candidatos internos que teriam sido considerados para o principal cargo incluem Huibert Vigeveno, chefe das operações de pós-produção da Shell, e Zoe Yujnovich, diretora de produção.

A nomeação de Sawan deverá resultar em outra rodada de reorganização no comitê executivo da Shell, que conta com oito membros, começando com a escolha de novo diretor de gás e renováveis.

Biraj Borkhataria, diretor de análises de ações de petróleo e gás da RBC Capital Markets, diz que Sawan é "respeitado" pela comunidade de investimentos. "A mudança provavelmente será mais uma continuação do que uma revolução da estratégia adotada por van Beurden."

Van Beurden, que passou toda a sua carreira de 39 anos na Shell, continuará como consultor do conselho até o fim de junho, quando deixará a companhia.

Em seus nove anos como presidente-executivo, ele supervisionou a aquisição do BG Group por US$ 52 bilhões, transferiu a sede da companhia para Londres e reformulou sua estratégia com o compromisso de reduzir a produção de petróleo e as emissões.

Mas o executivo holandês também enfrentou críticas, principalmente na Holanda, onde um tribunal decidiu no ano passado que a Shell precisava reduzir mais rapidamente suas emissões.

Ele conduziu a empresa por duas grandes crises e em 2020, depois que a pandemia de covid-19 fez a demanda despencar, ele cortou os dividendos da Shell pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Após subir mais de 40% este ano, a ação da Shell acumula valorização de 10% desde que Beurden foi nomeado em 2014.

"Foi um privilégio e uma honra servir a Shell por quase quatro décadas e liderar a empresa pelos últimos nove anos", disse van Beurden.

Fonte: Valor Econômico

Do site: Udop