Dólar bate R$ 3,16 com pessimismo no país
13-03-2015

O dólar bateu em R$ 3,16 nesta quinta (12), afetado pelo pessimismo em relação à economia brasileira, pela perspectiva de inflação persistente e pelos desdobramentos da Operação Lava Jato.

Também pesou um relatório da agência Fitch de classificação de risco que estima em R$ 3,75 a taxa de câmbio em que os principais exportadores brasileiros voltariam a ser competitivos nos mercados internacionais.

A moeda americana sobe desde o fim de janeiro e não dá sinais de encontrar um novo patamar de estabilização.

Na quarta (11), quando o dólar recuou pela primeira vez no mês, alguns operadores viram a possibilidade de o ponto de equilíbrio ter ficado mais próximo. A forte alta da tarde desta quinta, no entanto, frustrou essa expectativa.

No mês, a moeda já sobe 10,7%, enquanto no ano o avanço é de 19,3%.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,23% e fechou em R$ 3,159, maior valor nominal desde os R$ 3,162 de 14 de junho de 2004 (hoje seriam R$ 4,63).


Exportadores

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, avançou 1,02% e terminou o dia em R$ 3,161.

No estudo, a Fitch afirma que as siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau continuam com dificuldades para colocar seus produtos devido aos preços internacionais.

Já Fibria e Suzano, produtoras de celulose, conseguiram competir devido ao crescimento rápido do eucalipto no país.

"O dólar estava estacionado entre R$ 3,10 e R$ 3,12 pela manhã, mas o comentário da Fitch causou a valorização da moeda", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

De acordo com Maurício Nakahodo, economista do Tokyo-Mitsubishi, o mercado também está apreensivo com a possibilidade de o Congresso estender a política de valorização do salário mínimo para aposentados e pensionistas.


Bolsa e juros

A Bolsa cedeu e encerrou o dia perto da estabilidade, com o Ibovespa marcando 48.880 pontos (-0,05%). As ações preferenciais (sem voto) da Petrobras recuaram 3,3% e fecharam a R$ 8,50.

Os juros negociados para janeiro de 2016 saltaram de 13,69% para 13,85%, indicando que o mercado espera mais dois aumentos de 0,5 ponto na Selic neste ano; na sexta (6), a expectativa ainda era de juros em 13,51%.

Danielle Brant eToni Sciarretta