Dona Maria Angélica de Rezende Barbosa será uma das personagens do Livro “Mulheres da Cana-de-Açúcar”
02-12-2022

Dona Maria Angélica implantou um grande projeto de alfabetização nos 17 anos à frente da área social da Nova América

O Grupo Novamérica além de ser uma potência agrícola, tem forte tradição social. Tudo começou em 1944, quando o casal Renato de Rezende Barbosa e Maria Angélica de Souza Dias de Rezende Barbosa adquiriu a fazenda Nova América, na região de Assis, no interior de São Paulo.

Dona Maria Angélica, grande incentivadora do marido, não se limitava a contribuir com sugestões e participar das decisões administrativas na fazenda. Engajada nos negócios, sempre pôs em primeiro plano o compromisso com a qualidade de vida dos trabalhadores, o incentivo à educação, saúde e esporte, consciente de que esse era o caminho não somente para o sucesso da empresa, mas, acima de tudo, para a construção de uma sociedade mais justa.

A lembrança de dona Maria Angélica é marcada pelas estradas barrentas, falta de infraestrutura e, principalmente, a condição precária em que as pessoas viviam. Ela contou que eram carentes, não só de saúde, como de informação. Não conformada com a situação, iniciou um trabalho preventivo, profilático e de conscientização contra a verminose, uma das maiores endemias da zona rural. Mensalmente, recebia a visita de uma profissional que lhe orientava sobre a melhor forma de agir. “Eu tinha um irmão e um sobrinho, médicos-sanitaristas que me ajudavam. Meu sobrinho fez especialização na Holanda e, como a Indonésia foi colônia holandesa, tinha muito conhecimento sobre essas doenças de países pobres. Ele veio cheio de inovações e experiências que serviram de base para o desenvolvimento do projeto”, recordou.

O trabalho começou com saneamento básico. Eram quatro colônias com um total de 300 casas, erroneamente as fossas sépticas eram perfuradas em uma área superior aos poços de água, contaminando-os. “Construímos vários poços artesianos e abastecemos as casas com água encanada. Também levamos luz elétrica e todas as casas passaram a ter chuveiro. Com isso, não havia mais desculpa para a falta de banho nas crianças”, observa. Após o saneamento básico vieram a doutrinação e a aplicação dos métodos. Uma monitora ia de casa em casa para acompanhar os moradores na hora de tomar os vermífugos, e ficava observando-os consumirem o remédio. Dona Maria Angélica contou que o controle foi de ‘mamando a caducando’, ou seja, do menino ao velho, não escapou ninguém, seis meses depois estavam corados e saudáveis.

A Nova América foi a primeira fazenda da região a oferecer merenda escolar e café-da-manhã reforçado aos colaboradores. Ainda na parte de saúde, foram realizadas campanhas de vacinação e trabalhos de conscientização com a exibição de filmes educativos. Também já havia preocupação com a utilização dos equipamentos de proteção individuais. Dona Maria Angélica implantou um grande projeto de alfabetização nos 17 anos à frente da área social da Nova América. Construiu escolas nas colônias e utilizou dramatização para facilitar a aprendizagem de adultos e jovens. Após as aulas e palestras, havia danças. Em dois anos não havia mais nenhum analfabeto.

Dona Maria Angélica será uma das personagens do livro Mulheres da Cana-de-Açúcar, que será lançado durante o 11º Encontro Cana Substantivo Feminino que acontecerá em 30 de março de 2023, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, SP. Um dos destaques do livro será o resultado da pesquisa Mulheres da Cadeia Bioenergética, um estudo inédito realizamos com o apoio de entidades do setor, contendo números de mulheres no setor, perfis, ações e políticas de diversidade.

Fonte: CanaOnline