Efeitos da pandemia: com pouca procura, preço dos combustíveis pode continuar caindo
17-04-2020

Com a diminuição da procura pelos combustíveis, houve uma queda acentuada no preço dos combustíveis – (Foto: Divulgação)
Com a diminuição da procura pelos combustíveis, houve uma queda acentuada no preço dos combustíveis – (Foto: Divulgação)

Com a diminuição da circulação de pessoas devido à pandemia do novo coronavírus, com escolas e universidades fechadas, empresas funcionando parcialmente e famílias preferindo ficar em casa, a procura por combustíveis caiu drasticamente. A consequência desse quadro é a queda dos preços dos mesmos, tendência que deve perdurar por mais algum tempo, até que a situação volte ao normal.

Consultado pelo A TRIBUNA, o empresário Anísio Dias, sócio-proprietário de uma rede de postos de combustíveis da cidade, confirmou que houve uma queda acentuada nos últimos trinta dias no preço da gasolina, do óleo diesel e até do etanol, devido principalmente a uma grande queda na procura pelos combustíveis, causada pela pandemia do coronavírus.

“As distribuidoras no geral baixaram o preço desses combustíveis. Elas têm baixado os preços gradativamente, mas é a lei da oferta e da procura: não estão vendendo. Nós temos quatro distribuidoras aqui no terminal (da Rumo): Petrobras, Shell, Ciapetro e Ipiranga. Essas empresas têm uma quantidade de galonagem estabelecida pela Petrobras, que é quem vende para todas. Se ela não atingir essa galonagem, elas pagam multas. A Petrobras já reserva para elas essa quantidade e se elas não venderem, pagam multa”, explicou o empresário.

Dessa forma, para evitar essa multa, as distribuidoras têm preferido baixar os preços dos combustíveis, mas, mesmo com essa queda nos preços, ele conta que na sua rede, as vendas de combustíveis caíram cerca de 70%, o que o forçou a ter que dar férias para funcionários, para evitar ter que demitir os mesmos. “E essas distribuidoras estão abaixando os preços em dois, três centavos quase diariamente. Mas nós, donos de postos, que tínhamos antigamente 70 mil carros na cidade andando todos os dias, como não têm escolas, várias pessoas não estão trabalhando, esse número de carros caiu para 20 mil. E eu estou atrás desses 20 mil e outros postos também. Então, nós estamos reduzindo os preços mesmo, drasticamente. Para se ter uma ideia, não estamos fazendo retiradas, falando da minha rede”, reafirmou.

Para atrair esses clientes que ainda precisam usar seus veículos para ir ao trabalho, cada posto tem procurado oferecer algum diferencial, como abaixar seus preços e parcelar o valor da abastecida. “Nós estamos praticamente indo atrás do cliente, jogando os preços lá embaixo, trabalhando praticamente sem lucro, mas eu tenho que manter uma gama de funcionários, manter o meu giro. Eu poderia escolher fechar alguns postos, mas eu vendo para serviços essenciais, como a Prefeitura, para a Saúde, Samu, Bombeiros, não posso nem pensar em fazer isso. É uma guerra de preços atrás dos clientes que ainda estão nas ruas”, disse o empresário, que possui oito postos na cidade e deve inaugurar mais três assim que passar a pandemia.

Ele explica ainda que nos postos bandeirados, aqueles que só podem vender combustíveis de uma determinada marca, a queda dos preços é menor, o que é vantagem para aqueles postos independentes. No caso da rede de postos do empresário, especificamente, que tem prédios próprios e frota de caminhões para o transporte dos combustíveis, eles conseguem diminuir ainda mais seus custos, o que acaba se traduzindo em preços menores ao consumidor final que a concorrência.

PARCELAMENTO DA ABASTECIDA

Para manter as vendas e aproveitar a crise para fidelizar os atuais e novos clientes, Anísio Dias conta que a partir de hoje a sua rede de postos irá parcelar o valor do abastecimento dos veículos em até dez vezes no cartão de crédito, sem nenhum acréscimo no valor do combustível à vista. “Nós já fazemos isso em até seis vezes, mas agora estamos passando para dez vezes. Isso sem nenhum custo adicional”, informou.

QUEDA NOS PREÇOS

Quanto à queda nos preços, o empresário diz que, no caso do diesel, a redução foi de vinte centavos, enquanto a gasolina teve uma queda de quarenta centavos e o etanol caiu cinquenta centavos. No caso do diesel e da gasolina, ele diz acreditar que a tendência seja de manutenção dos preços nos patamares atuais, podendo até cair mais um pouco nos próximos dias, mas há uma tendência de que o preço do etanol tenha uma elevação no seu preço nos próximos dias, por conta de aumento no preço nas usinas, causada pela entressafra da cana-de-açúcar e pela escassez da oferta do combustível na região, já que grande parte o combustível ofertado aqui deve ser direcionada para os estados mais populosos, onde as normas restritivas por conta da pandemia começam a ser flexibilizadas.

 

Fonte: A Tribuna