El Niño pode definir safra de cana 2016/17
22-12-2015


Chuvas de novembro afetaram produtividade no Paraná; Faep projeta até 46 milhões de toneladas na próxima colheita se o tempo ajudar


Saulo Ohara - 17/04/2013

 De um lado, uma colheita da cana-de-açúcar atrasada no Paraná. De outro, uma boa expectativa para o desenvolvimento das lavouras para a safra 2016/17. Estes são dois cenários que o clima instável e chuvoso provocado pelo El Niño traz para o setor sucroenergético do Estado, que caminha para o final dos trabalhos de moagem e já foca na próxima safra, com início programado entre março e abril. 

O novembro mais chuvoso dos últimos 34 anos, de fato, atrapalhou o andamento do final da safra 2015/16 de cana, que perdeu 20 dias de trabalho sem que as máquinas pudessem entrar em campo. Até o final do mês passado, 36,8 milhões de toneladas foram esmagadas pelas usinas do Estado, quando no mesmo período do ano anterior o valor foi de 40,6 milhões de toneladas, queda de 9,3%. Durante o mês, a retração foi de 66,2%. A área plantada é de 650 mil hectares.
A produção de açúcar até o momento é de 2,57 milhões de toneladas, contra 2,78 milhões de toneladas da safra anterior, 7,4% menor. Já a de álcool anidro saltou de 499,4 milhões de litros para 521,6 milhões de litros, um aumento de 4,4%. O total previsto é de atingir a marca de 575,9 milhões de litros. Quando somados o álcool anidro e hidratado, a produção até o momento é de 1,36 bilhão, queda de 9,3%. Os números são da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar). "O Estado tem destinado maior parte da matéria prima para a produção de etanol, principalmente anidro, visando atender a demanda do mercado interno, com o aumento na adição na gasolina para 27%", comentou via assessoria de imprensa o presidente da entidade, Miguel Tranin.
Se o fechamento da safra deve ficar para este mês, outros números acabaram sendo favoráveis devido às condições climáticas. Segundo levantamento da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a safra paranaense registrou produtividade média de 74 toneladas por hectare (t/ha), número 16,9% superior aos 66,3 t/ha de 2014/15. A qualidade da cana também melhorou, o ATR (índice que mede a quantidade de açúcares da planta), saltou de 128,3 para 135,1. "Embora a intensidade das chuvas tenha atrasado a colheita, a expectativa ainda é para uma safra de 43 milhões de toneladas", ressalta o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab), Disonei Zampieri.

CENÁRIOS

No que diz respeito às projeções para 2016/17, a Faep preparou três cenários: o primeiro deles mantendo as condições atuais, o segundo mais conservador e, por fim, um otimista (veja o quadro). De acordo com a entidade, no primeiro caso, com as chuvas diminuindo nos dias de colheita, a produção pode atingir os mesmos 43 milhões de toneladas. Já na segunda hipótese, com ação forte do El Niño, a produção cai para 38,2 milhões de toneladas; e por fim, se acontecer uma melhora nas condições climáticas, o número pode atingir a marca de 46,8 milhões de toneladas. "Os números vêm se mantendo estáveis nas últimas três safras e acredito que a média atual irá permanecer para a próxima temporada. O foco de produção continuará sendo o etanol, já que os preços do açúcar, os quais houve uma expectativa de aumento no mercado internacional durante todo este ano, não aconteceram. O produtor opta pelo retorno mais rápido para arcar com seus custos", complementa Zampieri.


Victor Lopes