Elevação do custo de produção de açúcar no Brasil ultrapassa os 40%
13-12-2021

Nível inimaginável até mesmo para o mais pessimista dos executivos

*Arnaldo Luiz Corrêa

A elevação do custo de produção do açúcar posto usina em um ano ultrapassou 40%, nível inimaginável até mesmo para o mais pessimista dos executivos. Em dezembro do ano passado, portanto a quatro meses do início dessa safra corrente, as usinas já tinham fixado cerca de 70% do volume de açúcar destinado à exportação cujo preço médio chegara a R$ 1,580 por tonelada FOB, valor que era considerado remunerador tendo em vista a estrutura de custos vigentes na época. Naquele mês, o dólar médio foi de R$ 5,1462 e o petróleo Brent negociava na média o equivalente a R$ 258,42 o barril. De abril até novembro deste ano, o dólar médio apurado é de R$ 5,3326 enquanto o Brent médio atingiu R$ 395,00 o barril.

Criticando retrospectivamente, o que poderia ter sido feito? Bem, nossa orientação para os clientes em agosto de 2020 - quando o percentual de fixação de preços para esta safra estava inferior a 25% - era a de fixar preços em reais, que naquele momento mostrava R$ 1,522 por tonelada e, concomitantemente, comprar uma call (opção de compra) de preço de exercício de 14 centavos de dólar por libra-peso, ao custo de R$ 85 por tonelada (5.6% do valor da fixação), ou pelo menos fazer 40% do volume fixado. Caso tivesse optado pelo seguro integral, essa opção encerrou na sexta-feira ao equivalente a R$ 704,14 por tonelada o que transformaria a fixação em R$ 2,141 por tonelada. Se optasse por 40% apenas, o valor fixado final seria de R$ 1,770 por tonelada.

Em função da perda de oportunidades por ter fixado o açúcar antes - como se alguém tivesse bola de cristal para saber o futuro - e por não ter coberto alguns riscos que naquele momento pareciam improváveis, a reação das usinas este ano foi de diminuir o volume das fixações de preço para a safra seguinte. Tanto é que o número divulgado pela Archer Consulting na semana apontava que a safra 22/23 está 47.6% fixada até o final de novembro, comparada com 61.3% no mesmo período do ano passado.

*Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting - Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos