Em crise, usinas atrasam pagamentos em São Paulo
04-12-2014

Ao menos 4.150 trabalhadores de usinas de açúcar e etanol estão sofrendo com atrasos nos pagamentos de salários e verbas rescisórias de demissões em cidades do interior de São Paulo.

Segundo sindicatos, a crise que atingiu o setor é a principal responsável pela dificuldade financeira enfrentada pelas indústrias.

Levantamento feito pela Folha aponta que há problemas em três indústrias do interior --duas delas na região de Ribeirão Preto.

Na usina Carolo, em Pontal, que está em recuperação judicial, cerca de 1.600 funcionários ainda não receberam os salários de dezembro e o 13º de 2013.

A primeira parcela do 13º de 2014, que deveria ter sido depositada até o dia 20 de novembro, também não foi honrada, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Sertãozinho e Região, Antonio Vitor.

O departamento jurídico da usina informou que, por causa da recuperação judicial, a empresa tem um prazo até esta quinta-feira (4) para quitar as pendências referentes ao ano passado, mas o sindicato nega e diz que o prazo venceu em novembro.

Questionada, a usina, no entanto, não afirmou se fará o pagamento nesta quinta.

Na usina Santa Rita, em Santa Rita do Passa Quatro, 550 funcionários demitidos em outubro não receberam o pagamento integral das verbas rescisórias. A Folha não conseguiu contato com representantes da usina.

Raimundo Vilasboas de Oliveira, presidente do sindicato que representa a categoria, informou que os trabalhadores estão ingressando com ações na Justiça.

Na usina Catanduva, cerca de 2.000 funcionários --entre demitidos e na ativa-- estão com os pagamentos dos salários e das verbas rescisórias em atraso desde agosto.

"Pedimos o bloqueio de dinheiro da empresa na Justiça para tentar garantir os pagamentos. A situação está difícil", disse Sérgio Urize, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Catanduva.

O grupo Virgolino de Oliveira, proprietário da indústria, reconhece a dívida e informou que está trabalhando para quitá-las.

De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), das 392 usinas em funcionamento no país, 70 operam em recuperação judicial. Desde 2007, 58 encerraram as atividades.

O setor alega que a crise foi gerada pelos baixos preços do açúcar no mercado internacional e do etanol. Como o governo federal subsidia a gasolina, o etanol perde competitividade nos postos.

João Alberto Perdini