Em dez anos, será preciso produzir umas 35 milhões de toneladas a mais de açúcar. Quem vai produzir isso?
25-10-2016
Luiz Carlos Carvalho, diretor da Canaplan e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), observa que a oferta de açúcar está estagnada em âmbito mundial. “Por isso que o açúcar se recuperou, uma vez que estamos tendo dificuldades de oferta nova na escala da demanda e é algo que veio para ficar. Estamos tendo crescimento de açúcar de 3 milhões a 3,5 milhões – açúcar novo – por ano. Isto significa que, em dez anos, será preciso produzir pelo menos 30 milhões a 35 milhões de toneladas a mais, quem vai produzir isso?”
Para este ano, a FCStone estima produção mundial de 176 milhões de toneladas e consumo de 186 milhões de toneladas. As projeções de déficit da Datagro, de 8,89 milhões de toneladas, e da FCStone, de 9,7 milhões de toneladas, são maiores, ambas para a safra 2016/17. Considerando os ciclos 2015/16 e 2016/17, nos cálculos da Datagro, haverá um tombo de 16 milhões de toneladas. A falta de incentivos de preços e o clima desfavorável com a estiagem nos principais países produtores mantém a produção nos patamares do início da década.
No caso do Brasil, dados da FCStone indicam produção na atual safra de 34,3 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a 1 milhão de toneladas abaixo da última projeção. Fatores como chuvas acima da média em maio e julho, geadas e estiagem de julho a agosto influenciaram na redução da produção. Muitos especialistas já admitem quebra da safra em relação às primeiras expectativas do ciclo 2016/17, sinalizando para a possibilidade de uma produção inferior a 600 milhões de toneladas no Centro-Sul. É o caso da Datagro, que estima uma moagem de 597,25 milhões de toneladas no CS.
Carvalho lembra que o mundo precisa do Brasil para expandir a oferta de açúcar. À medida que a produção brasileira vem travada, mesmo com os excedentes que tínhamos, hoje começa a pesar essa realidade estrutural brasileira. “E essa realidade faz com que os preços fiquem mais altos.”
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