Em expansão, ERT prepara abertura de fábrica de plástico de cana em Manaus
06-02-2024

No mundo, apenas os Estados Unidos e a Tailândia produzem biopolímeros de cana, que podem ser matéria-prima para o plástico — Foto: GettyImages
No mundo, apenas os Estados Unidos e a Tailândia produzem biopolímeros de cana, que podem ser matéria-prima para o plástico — Foto: GettyImages

Plano da empresa é fortalecer a indústria nacional e ajudar a aumentar a demanda por bioplástico que vira adubo orgânico

Por Nayara Figueiredo — São Paulo

A Earth Renewable Technologies (ERT) aposta na produção de plásticos biodegradáveis à base de cana-de-açúcar, que viram adubo orgânico ao fim de sua vida útil. O próximo passo do plano de expansão da companhia, que já tem uma unidade em Curitiba (PR), é abrir uma planta em Manaus (AM) ainda neste ano.

Atualmente, é preciso importar da Tailândia a matéria-prima — um açúcar transformado em ácido, que dá origem a um ingrediente chamado biopolímero — necessária para o processo produtivo, já que o Brasil ainda não produz esse tipo de tecnologia. O plano da empresa é fortalecer a indústria nacional e ajudar a aumentar a demanda. Com isso, aposta a ERT, o país, líder global na produção de açúcar, vai originar também o insumo.

“No mundo, apenas os Estados Unidos e a Tailândia produzem biopolímeros de cana. Nós enxergamos uma oportunidade grande para o Brasil também passar a produzir”, disse o CEO da empresa, Kim Fabri.

De acordo com o executivo, o interesse da população por plásticos sustentáveis está crescendo muito, o que tem feito as indústrias investirem na evolução de seus processos. Com a fábrica em Curitiba, a ERT já fornece o bioplástico para a indústria de transformação. Esse bioplástico vai dar origem a sacolas, embalagens e produtos descartáveis a serem usados por clientes como iFood e Nestlé.

“Nos últimos dois anos, desde que inauguramos nossa fábrica e demos visibilidade (ao bioplástico compostável), a indústria brasileira começou a ter muito mais interesse por esse tipo de produto. Isso desencadeou uma série de iniciativas para abolir o uso de descartáveis”, diz Fabri.

O crescimento da demanda levou à decisão da companhia de erguer a fábrica em Manaus, segundo ele. Os benefícios tributários da região foram um elemento central na escolha de que a nova unidade fosse na capital amazonense. “Esses benefícios podem ajudar a deixar o nosso produto mais acessível”, acrescenta o executivo.

Capacidade produtiva

Em Curitiba, a empresa produz 3,5 mil toneladas de bioplásticos por ano. Inicialmente, a fábrica de Manaus adicionará 1,5 mil toneladas ao volume total, mas a planta deve chegar a 3,5 mil toneladas até o fim do primeiro ano de operação, projeta a ERT. O volume de produção também vai depender do comportamento da demanda.

“A indústria plástica está entre as três ou quatro maiores indústrias da região de Manaus. Com isso, teríamos compradores que fazem parte da indústria de transformação, para os quais poderíamos fornecer”, comenta o executivo.

Fabri não deu detalhes sobre quanto a companhia vai investir na nova unidade, mas lembrou que, em 2022, a empresa levantou R$ 50 milhões com clientes da XP Private e sócios da corretora. Depois, no ano passado, relatou, a companhia obteve R$ 32 milhões com a Positivo Tecnologia, aportes que ajudaram a impulsionar o plano de expansão da ERT.

É possível descartar o plástico de cana com os resíduos orgânicos que vão para compostagem. “A gente não incentiva o descarte em aterros sanitários, mas, se isso acontecer, o produto some em menos de 100 dias”, diz. O executivo lembra que o plástico feito a partir do petróleo pode levar 200 anos para se decompor por completo.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no mundo, 50% dos resíduos plásticos vão para aterros, 19% são incinerados e 22% escapam dos sistemas de gestão de resíduos e acabam em lixões não controlados.

Fonte: Globo Rural