Em Sertãozinho, SP, a Usina São Francisco tem 14% de área de vegetação nativa
21-09-2016

Quando iniciou o Projeto Cana Verde, a Usina São Francisco tinha 5% de área de vegetação nativa

A assinatura dos protocolos agroambientais veio formatizar e criar metas, mas, bem antes dos protocolos, grande parte do setor já desenvolvia uma gestão focada na sustentabilidade. Um dos melhores exemplos é o Grupo Balbo, de Sertãozinho, SP, que em 1986 iniciou o projeto Cana Verde, envolvendo as usinas São Francisco e Santo Antonio, e com o objetivo de produção biológica de cana, sendo responsável pela produção pioneira de açúcar orgânico, exportados para mais de 60 países de todo o mundo e no Brasil com a marca “NATIVE”.

Leontino Balbo Júnior, diretor agrícola da Usina São Francisco, conta que a primeira ação que realizaram foi implementar um projeto de reflorestamento, para criar ilhas de biodiversidade. “Para atingir auto sustentabilidade precisamos da ajuda da natureza. A medida que deixamos de lado insumos modernos, principalmente químicos, necessitamos de insumos biológicos”, observa. Segundo ele, algumas medidas do projeto são possíveis implementar em um, dois, três anos, mas um reflorestamento, mesmo que plantado tudo de uma vez, só vai ter resultado 30 anos depois. Porém, o reflorestamento que realizaram recebeu um tipo de adubação orgânica que proporcionou bosques e matas em 12 a 14 anos. Na metade do tempo de um reflorestamento convencional.

Quando iniciou o Projeto Cana Verde, a Usina São Francisco tinha 5% de área de vegetação nativa; hoje tem 14%. As duas usinas mantem viveiros capazes de produzir 65 mil mudas de espécies nativas por ano, como: angico, cedro, farinha seca, ipê, ipezinho. Que são plantadas nas fazendas de acordo com suas qualidades e as necessidades de cada local, como margens de rios, lagos e várzeas, áreas consideradas criatórios de peixes, aves e mamíferos. Desde o início do programa já foram plantadas mais de 800 mil árvores e as áreas beneficiadas mais antigas já formam verdadeiras florestas.

Com o reflorestamento os animais silvestres começaram a voltar às fazendas: lobo, veado, cachorro do mato, tamanduá, macaco e, gradativamente a cadeia alimentar foi sendo reestabelecida. Paralelamente, um trabalho de proteção à vida selvagem proíbe a caça e a pesca e estabelece um programa de prevenção e combate à incêndios nas áreas reflorestadas e de vegetação nativa, havendo patrulhamento e restrição de acesso aos habitats. Além das matas, os animais transitam livremente pelos canaviais do Projeto Cana Verde, pois, desde 1995, 100% da área é colhida sem queima.

Um outro trabalho mais recente, foi plantar grama nos carreadores, além de deixar mais bonito, reduz a erosão. São 1.100 km de carreadores nas duas usinas. E esta grama, informa Leontino, aguenta pisoteio de máquina, colhedora, caminhão. E o plantio de árvores frutíferas como pitanga, jambolão e amora, atrai várias espécies de pássaros como Coruja, João-de-barro, muito gavião e outros predadores que comem lagartas. Quando passam a máquina colhedora ou o trator de preparo, as aves predadoras aparecem em bandos para comer os insetos, contribuindo para o controle biológico de pragas. Pois é, quando a natureza se sente abraçada, ela corresponde.

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