Embrapa Informática Agropecuária discute aplicação de rastreabilidade ao RenovaBio
28-08-2020

Participantes da reunião
Participantes da reunião

Para rastreabilidade ao processo produtivo da cadeia da cana-de-açúcar será usada a tecnologia blockchain

Nadir Rodrigues

Representantes da Embrapa Informática Agropecuária, do Ministério de Minas e Energia (MME) e do setor produtivo reuniram-se por videoconferência, em 20 de agosto, para discutir ações de pesquisa focadas na aplicação da rastreabilidade ao processo produtivo da cadeia da cana-de-açúcar usando a tecnologia blockchain. Um projeto-piloto liderado pela Unidade vai rastrear os créditos de descarbonização do programa RenovaBio, os chamados Cbios.

A classificação das usinas produtoras de etanol dentro desse programa é determinada pela quantidade de créditos emitidos por volume de etanol produzido, e cada Cbio equivale à captura de uma tonelada de CO₂ da atmosfera, explica o pesquisador da Unidade Alexandre de Castro. Ele é responsável pelo desenvolvimento da solução de inovação em blockchain no acordo de cooperação técnica firmado com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), em outubro de 2019.

Devido aos padrões de sustentabilidade adotados, a Usina Granelli Ltda. foi indicada pelo Ministério de Minas e Energia para receber o protótipo de custódia em blockchain do RenovaBio. A partir dos resultados apurados no projeto piloto, a tecnologia blockchain implementada nessa usina poderá servir para o ministério como modelo de pegada de carbono no campo. A Unidade também firmou um acordo com a empresa Safe Trace, no âmbito da pesquisa. “A tecnologia blockchain que estamos desenvolvendo em parceria com a Safe Trace pode ser empregada de modo a estender-se por toda a cadeia produtiva, passando pela produção de matéria-prima, industrialização e comercialização dos Cbios. A invariabilidade das informações para todos os elos cria um caminho confiável de procedência, agregando, assim, valor a toda cadeia produtiva”, diz Alexandre de Castro.

Essa solução tecnológica em blockchain prevista no projeto-piloto será capaz de registrar, armazenar, organizar, rastrear e disponibilizar informações coletadas ao longo da cadeia produtiva da cana-de-açúcar desde a implantação no campo até as etapas finais de extração, tratamentos, fermentação e destilação para etanol nas unidades agroindustriais. A custódia dessas informações ao longo do fluxo de produção é considerada crítica para identificar os gargalos econômicos e tecnológicos, aos quais o setor está exposto, auxiliando na assertividade das medidas corretivas e alavancagem na emissão de Cbios.

Além disso, a custódia das informações da cadeia produtiva permitirá melhor entendimento das peculiaridades que envolvem o processo de produção agrícola e da industrialização da cana energia, novo conceito de produção de cana que carece de estudos detalhados sob sua viabilidade econômica e agronômica, segundo os representantes do setor.

Para colocar em prática uma blockchain de rastreabilidade, a participação de todos os elos envolvidos na cadeia – produtores, usinas, distribuição e comercialização – são fundamentais. A equipe do projeto está trabalhando no desenho dos processos agroindustriais que geram as informações críticas e de interesse do programa Renovabio para rastreabilidade.

Também está em execução o levantamento de certificações de interesse estratégico dentro do escopo do programa RenovaBio e para rastreabilidade de processos industriais e da parte agrícola. Estão em curso ainda o desenvolvimento do código principal e a construção de interfaces para operacionalização do projeto-piloto. A previsão é que um software para cliente externo estruturado com tecnologia blockchain para custodiar os processos e informações agroindustriais da cadeia do etanol seja disponibilizado até o final deste ano.

Estiveram presentes à reunião os representantes do MME Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, diretor do departamento de biocombustíveis, Marlon Arraes Jardim Leal, coordenador-geral de etanol, Paulo Roberto Machado Fernandes Costa, coordenador-geral de biodiesel e Marcos Carvalho de Sant' Ana, membro do comitê técnico do RenovaBio. Da Embrapa Informática Agropecuária, participaram os pesquisadores Alexandre de Castro e Fábio César da Silva, e os analistas Inácio Henrique Yano e Luis Antônio Falaguasta Barbosa, membros da equipe de blockchain do projeto-piloto. Pelo setor produtivo, Eduardo Vasconcellos Romão, presidente da Associação Mundial dos Produtores de Açúcar de Beterraba e de Cana (WABCG) e vice-presidente da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), Arnaldo Antônio Bortoletto, presidente da Coplacana, Marcos Farhat, diretor administrativo, Roberto Rossi, diretor comercial, Klever Coral, superintendente da Cooperativa e diretor do Avance Hub, Francisco José Severino, gerente técnico, Daniel Christofoletti, consultor técnico, e Adilson Mariotti, gerente da Coplacana junto à Usina Granelli Ltda. Pela Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi), Raul Perrone, coordenador técnico. Pela Usina Granelli Ltda., José Valdir Granelli, presidente, Mariana Abdalla Granelli, diretora Jurídica, e Claudinei Rodrigues, gerente industrial. Também participaram Rodrigo Argueso, presidente, e Vasco Varanda Picchi, diretor de novos negócios, da Safe Trace Indústria e Comércio de Sistemas de Rastreabilidade S.A.

 

Fonte: Embrapa Informática Agropecuária