Emprego no agronegócio
17-12-2025

Por Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica

Por qualquer ângulo que se examine, destaca-se a solidez econômica do agronegócio brasileiro, seja em volume e valor da produção ou no superávit das exportações. Mas existe um índice econômico de enorme impacto social, representado pelo mercado de trabalho do agronegócio.

A economia brasileira enfrentou um período de vicissitudes, entre 2014 e 2023, período em que o PIB do Brasil cresceu, em média, apenas 0,4% por ano, enquanto o mundo cresceu 3% e os BRICS 3,4% ao ano  (bit.ly/47egNW1).  O agronegócio atravessou galhardamente todos os transtornos pelos quais passou. Em 2012 o Brasil produziu 166 Mt de grãos  (bit.ly/3tVTnqd),  volume que quase duplicou em 2022 (322 Mt)  (bit.ly/3QDrfRB).  Não fora esse espetacular crescimento do agronegócio, provavelmente o Brasil teria amargado índices negativos de crescimento do PIB, nesse período, pelo efeito irradiador do agronegócio na economia brasileira.

Trabalho

Assim mesmo, com a taxa de desemprego da economia superando 10%, o crescimento da produção agrícola não foi suficiente para aumentar a oferta de empregos no setor. Para entender os fundamentos do fenômeno, o Centro de Estudos do Agronegócio da FGV analisou o mercado de trabalho no agronegócio entre 2016 e 2023  (bit.ly/47gfwOu). De acordo com o estudo, em 2016 havia 14,34 milhões de pessoas ocupadas em atividades nas diferentes cadeias do agronegócio e, em 2023, são 13,78 milhões, uma redução de 3,9%.

Examinando cada um dos elos das cadeias, dentro da porteira, a agropecuária perdeu 889,2 mil postos (-9,6%), redução de 583 mil na agricultura (-9,7%,) e de 306 mil na pecuária (-9,5%). De outra parte, na agroindústria de transformação, houve geração de 331 mil vagas (6,5%), com aumento de 18,2% na área de alimentos e bebidas e de 1,1% no setor de produtos não alimentícios. No balanço final, o agronegócio perdeu 558 mil postos de trabalho.

Observa-se uma contradição entre a expansão do agronegócio sem correspondente acréscimo na mão-de-obra ocupada. O estudo da FGV explica as razões desses movimentos antípodas. O primeiro fato é muito auspicioso: houve melhoria da qualidade dos postos de trabalho dentro da porteira, vez que a redução ocorrida no período concentrou-se nos postos informais de trabalho, com diminuição de 10,3% –redução de 924,3 mil postos.

O segundo fato também é auspicioso: expansão de 6,8% nos empregos formais diretamente na agropecuária, o que corresponde a 366,3 mil novos postos de trabalho, ao abrigo da legislação trabalhista. A tendência deve prosseguir no futuro pois, no segundo trimestre de 2023, foi registrado o maior número de vagas formais (5,7 milhões) e a maior taxa de formalidade (41,5%), desde o início do estudo (2016).

Fato similar foi observado na agroindústria pois, apesar de as vagas informais crescerem em uma maior proporção do que as formais (8,6% x 5,5%), considerando a existência anterior de maior número de vagas formais, o seu aumento foi maior (190,3 mil) do que os postos informais (140,9 mil).

Congruentemente, a remuneração média dos postos de trabalho no agronegócio aumentou, inclusive acima dos valores da economia brasileira. Entre 2016 e 2023, a remuneração média dos trabalhadores do agro cresceu 12,6% (em valores deflacionados), incrementando de R$ 1.793,69 para R$ 2.018,99. Para efeito de comparação, no mesmo período, a remuneração média no Brasil cresceu 4,3% (R$ 2.719,44 x R$ 2.836,40).

 Fundamentos

Cada vez mais o agronegócio brasileiro incorpora a sustentabilidade (social, ambiental e econômica) como pilar fundamental de sua competitividade, visando a manutenção e ampliação de sua participação no mercado agrícola internacional, com adoção de conceitos como o ESG.

Com isso, verifica-se que a produção agrícola brasileira – lastreada em tecnologias sustentáveis – reduz, progressivamente, seu impacto ambiental. E a preocupação social passa a integrar a cultura do agronegócio, com melhoria na educação, qualificação e produtividade dos colaboradores, ao tempo em que os avanços da agricultura 4.0 – como automação, digitalização e robotização – melhoram o ambiente de trabalho e a remuneração no setor.

 Sobre o CCAS

O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo (SP), com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. 

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: Link. Acompanhe também o CCAS nas redes sociais:

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