Energia alternativa terá verba, promete BNDES
26-01-2015

Em tempos de restrição de recursos a diversos setores, o BNDES diz que não faltará dinheiro para financiar projetos de energia alternativas, como eólica e solar, e que manterá, ao menos, o mesmo nível de financiamento de 2014.

A decisão ocorre ao mesmo tempo em que o país vive uma crise do setor elétrico, com o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.

No ano passado, foram aprovados R$ 6,6 bilhões para projetos de geração eólica --81% mais do que em 2013 (R$ 3,6 bilhões). O objetivo é repetir o número neste ano.

"Não vão faltar recursos para empreendimentos de energias alternativas, apesar das mudanças das políticas operacionais do banco", disse Ana Raquel Paiva, chefe do Departamento de Energias Alternativas do BNDES.

A regra vale para investimentos em energia solar, biomassa (a maioria dos projetos usa bagaço de cana-de-açúcar) e eólica.

Os empréstimos, porém, vão ficar mais caros, assim como as demais linhas de crédito do banco, com as mudanças das políticas de financiamentos.

Nos projetos que forem incluídos nos próximos leilões de energia do governo, o custo subirá para TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo, usada apenas pelo BNDES) --que passou de 5% para 5,5% ao ano--, mais 1,2% ao ano. A esses percentuais soma-se ainda uma taxa de risco de crédito, que varia de acordo com cada cliente.

Para os empreendimentos já leiloados, valem as condições antigas: TJLP de 5%, acrescida de 0,9% de remuneração do BNDES e taxa de risco. As condições foram mantidas mesmo para os contratos que não foram assinados --inclusive os do primeiro leilão de energia solar, de 2014.

A política do banco para energias alternativas difere da de outros setores, que terão menos recursos disponíveis e sofreram uma alta maior de juros.

As novas condições foram impostas pelo corte do orçamento do banco, como parte do ajuste fiscal em curso liderado pela nova equipe da Fazenda. A pasta já anunciou a redução das injeções do Tesouro ao banco, cujos valores serão ainda definidos.


Aletrenativa viável

Para Erik Rego, especialista da Excelência Energética, o investimento em energia eólica "é o mais viável" e com custo mais baixo para assegurar o aumento da oferta de energia nos próximos anos.

"Um parque eólico pode ficar pronto em dois anos e meio." Há, porém, dois entraves, segundo ele, à expansão: a "fila" para receber equipamentos e a falta de reforço em linhas de transmissão perto de parques gerados.

De 2003 a 2014, o BNDES financiou projetos eólicos com capacidade de 8.300 MW --pouco menos do que os 10.000 MW da usina de Belo Monte. Nem toda essa energia está disponível ainda por falta de sistemas de transmissão e porque alguns parques geradores estão em construção.

Pedro Soares