Erradicar canavial pode não ser a melhor forma de se livrar das doenças da cana
04-08-2015

Manejo de doenças da cana-de-açúcar com o uso de fungicidas é alternativa para o setor obter avanços significativos na produtividade dos canaviais

Leonardo Ruiz e Luciana Paiva

A cultura da cana-de-açúcar, como qualquer outra, sofre com ataques de diversas doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. Entre as principais estão as Ferrugens alaranjada e marrom, Raquitismo das soqueiras, Escaldadura das folhas, Carvão, Mosaico, Amarelinho e a Podridão abacaxi. Doenças essas que podem dizimar a produtividade do cultivo agrícola. Estimativas apontam que, se fosse possível controlar totalmente apenas as doenças, haveria um aumento de 13% na produção dos canaviais.

Detectada pela primeira vez no Brasil em dezembro de 2009, na região de Araraquara, SP, a Ferrugem alaranjada (Puccinia kuehnii) causa duros danos econômicos aos produtores canavieiros e, por isso, é considerada a pior doença da cultura, atualmente. Estima-se que cerca de 1,3 milhão de hectares (15% da área cultivada) no Brasil estejam infectados pela doença. Os mais afetados são os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais. Estudos apontam que a doença causa redução na produção agrícola na ordem de 30% a 50% na TCH (toneladas de colmos/ha) e de 15 a 20% no teor de sacarose dos colmos.

A doença é causada por um fungo que provoca lesões nas folhas, denominadas pústulas, onde são produzidos os esporos que funcionam como sementes para sua propagação. Depois de instaurada, uma quantidade enorme de esporos é lançada no ar, o que contamina outras plantas daquele mesmo talhão ou de outras áreas. O vento é a principal forma de disseminação.

SETOR ENTRA EM PÂNICO COM A FERRUGEM ALARANJADA E ERRADICA CANAVIAL

Entre as variedades mais suscetíveis à ferrugem alaranjada está a SP 81-3250. Quando a doença surgiu em 2009, essa variedade era uma das mais cultivadas no interior paulista, por isso, deixou muita gente em pânico, a ponto de erradicar canaviais com 3250 e eliminá-la do plantel varietal.

Mas, para José Otávio Menten, professor associado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ)/Universidade de São Paulo (USP), essa atitude radical não precisa acontecer, o setor de cana poderia fazer como outras culturas, adotar o controle químico.

Mentem explica que existem cerca de 40 diferentes medidas que podem ser utilizadas, simultaneamente ou em sequência, para se reduzir os danos causados pelas doenças. Medidas essas que podem ser incluídas em métodos genéticos, biológicos, culturais, físicos e químicos. “Porém, a maior parte delas é preventiva, já que depois que uma doença se estabelece, o principal método de controle é o químico, baseado, principalmente, na utilização de fungicidas”.

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