Estação de Valparaíso fortalece as pesquisas por variedades produtivas em ambientes restritivos
17-02-2016

O estado de São Paulo responde por cerca de 55% da produção de cana-de-açúcar no Brasil. Para fornecer pesquisa e tecnologia na área varietal para as usinas e produtores paulistas, o estado conta com o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar, da Universidade Federal de São Carlos (PMGCA/UFSCar), o qual integra a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA).

O PMGCA/UFSCar, sediado no Centro de Ciências Agrárias da Universidade, localizado em Araras, SP, tem uma atuação relevante junto ao setor sucroenergético paulista. Mas o sucesso do trabalho desenvolvido pelo Programa não conta apenas com a dedicação e o talento dos pesquisadores e profissionais alocados na sua sede, em Araras. Perto de Araçatuba, no Oeste do estado de São Paulo, a Estação Experimental de Valparaíso é um importante polo de apoio às pesquisas do PMGCA/UFSCar.

Submeter as variedades pesquisadas a testes na estação de Valparaíso é importante pelas características edafoclimáticas da região. “Temperaturas médias maiores, menor precipitação anual e constantes veranicos, aliados aos solos de textura mais arenosa, profundos, bem drenados, fazem com que a região tenha um déficit hídrico muito acentuado em relação às outras regiões do estado, o que desfavorece muito a cultura da cana-de-açúcar”, afirma Antonio Ribeiro, pesquisador do PMGCA/UFSCar.

Atualmente, a Estação Experimental de Valparaíso contribui com o Programa em todas as suas fases de pesquisa. De acordo com Antonio Ribeiro, “existe uma troca de experiência muito grande entre Araras e Valparaíso para a liberação de uma variedade”.

ESTRUTURA
A Estação Experimental de Valparaíso, localizadas a 15 km da cidade, realiza testes com novos materiais genéticos. Ao todo, são 22 funcionários que atuam no local, sendo 13 auxiliares de campo, sete técnicos em pesquisa e desenvolvimento e dois na área de administração. A Estação conta, ainda, com refeitório, vestiários com armários individuais e chuveiros elétricos, lavandeira e alojamentos para pesquisadores e funcionários.

O local também possui diversas máquinas e implementos agrícolas, que realizam todos os trabalhos de plantio e cultivo. Além disso, existe um sistema de irrigação, utilizado para plantios em época seca ou para irrigação de seedlings – mudas originadas de sementes, que são levadas ao campo na primeira fase de testes do programa, o T1.

Todo ano, a Estação recebe, aproximadamente, 80 mil seedlings. Após avaliações e seleções nas fases de testes em campo (T1, T2 e T3), os melhores indivíduos entrarão em uma Rede de Experimentos. Já para chegar a uma liberação, o tempo pode variar de 14 a 18 anos. “Esse tempo é fundamental, pois dará aos produtores maior segurança na decisão de escolha de novas variedades”, afirma o pesquisador.

Segundo Antonio Ribeiro, o desenvolvimento de materiais genéticos mais produtivos, especialmente em ambientes restritivos, e resistentes às principais doenças é o principal objetivo da Estação Experimental de Valparaíso. “Creio que continuamos, ainda, com grandes desafios pela frente, como encontrar variedades rústicas de alta performance agrícola e superar a variedade RB867515, que já apresenta essas caraterísticas em área comercial”. Ribeiro conta que vários materiais genéticos em desenvolvimento na Estação são superiores à RB867515; porém, precisam atingir áreas maiores para que esse desempenho se confirme ao longo de, pelo menos, cinco cortes.

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