Estudo na Bevap mostra que área irrigada por gotejamento geraria 155 milhões de CBIOs contra 88 milhões do sequeiro
07-06-2023

Experimento na Bevap mostrou que a emissão de GEE na área irrigada via gotejamento foi inferior à registrada no sequeiro: 0,07 kg de CO2/kg de cana produzida contra 0,16 kg de CO2/kg de cana produzida. Foto: Divulgação Bevap
Experimento na Bevap mostrou que a emissão de GEE na área irrigada via gotejamento foi inferior à registrada no sequeiro: 0,07 kg de CO2/kg de cana produzida contra 0,16 kg de CO2/kg de cana produzida. Foto: Divulgação Bevap

No canavial manejado com irrigação subterrânea, a nota de eficiência energético-ambiental foi 61,48 para o etanol anidro e 61,13 para o hidratado. Já o sequeiro alcançou 35,28 para o anidro e 34,93 para o hidratado

Detentora de uma das maiores áreas irrigadas de cana-de-açúcar do mundo, a Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), localizada em João Pinheiro/MG, conduziu um estudo a fim de quantificar o volume elegível de emissão de CBIOs que um canavial irrigado via gotejamento subterrâneo poderia entregar na comparação com o sequeiro (salvamento). Para o experimento, foram inseridos na RenovaCalc os mesmos dados de consumo de fertilizantes sintéticos e diesel para ambas as áreas. A única diferença foi a produtividade informada, significativamente maior no canavial irrigado por gotejamento.

No canavial manejado com irrigação subterrânea, a nota de eficiência energético-ambiental foi 61,48 para o etanol anidro e 61,13 para o hidratado. Já o sequeiro alcançou 35,28 para o anidro e 34,93 para o hidratado. A estimativa é que a área com gotejamento tenha emitido 0,07 kg de CO2 por kg de cana produzida. O sequeiro, por sua vez, teria registrado 0,16 kg de CO2/kg de cana produzida. Os dados foram fornecidos pela Bevap e calculados pela Fundação Espaço Eco.

Área irrigada na Bevap atingiu notas entre 61,13 e 61,48; notas do sequeiro, por sua vez, figuraram entre 34,93 e 35,28

Fonte: Bevap, Pecege e Fundação Espaço Eco

A redução na emissão de GEE observada refletiu positivamente na geração de créditos de descarbonização. Considerando uma produção de 85 litros de etanol para cada tonelada de cana-de-açúcar produzida, o Pecege estima que esse canavial com gotejamento renderia mais de 155 milhões de CBIOS, enquanto o de sequeiro, pouco menos de 89 milhões. Ao valor praticado em 2022 (R$ 94,81 a unidade), a companhia obteria uma renda de R$ 14,7 milhões na área com a tecnologia, ao passo em que o sequeiro resultaria em cerca de R$ 8,4 milhões.

A Supervisora de Qualidade e Melhoria Contínua da Bevap, Mayara Carvalho, conta que as altas notas de eficiência obtidas dentro do âmbito do RenovaBio qualificaram a companhia como uma das mais eficientes do Brasil. Somente em 2022, a Bevap emitiu 51.563 milhões de CBIOs para etanol hidratado e 45.837 milhões para o anidro. “Esses fatos reforçam nosso compromisso para com o meio ambiente e a sustentabilidade.”

Segundo a profissional, um dos segredos é apostar no poder da irrigação. Atualmente, a companhia mineira possui 100% de seus canaviais irrigados com diferentes sistemas: salvamento com hidro roll, pivôs de diversos modelos e gotejamento subterrâneo. “Esse experimento mostrou o quanto a irrigação por gotejamento pode contribuir para impulsionar a geração de CBIOs. Agora, estamos estendendo esse experimento para outras áreas de arrendamento/parceria a fim de consolidar ainda mais esses números.”

Mayara Carvalho: “A tecnologia de gotejamento não deve ser vista como custo, mas como um investimento com retorno garantido a curto, médio e longo prazo”

Foto: Leonardo Ruiz

Para Mayara, a tecnologia de gotejamento não pode mais ser vista como custo, mas sim como um investimento com retorno a curto, médio e longo prazo. “Além dos claros incrementos de produtividade agrícola e aumento de longevidade, esse sistema permite também aumentar a sustentabilidade das áreas. É retorno garantido, seja pelo aumento de rentabilidade dos canaviais, possibilidade de comercialização de uma maior quantidade de créditos de descarbonização ou pela maior facilidade em obter certificações internacionais e, dessa forma, conquistar novos mercados.”

Fonte: CanaOnline