Etanol mantém leve alta mensal, mas cenário aponta para ajuste nos preços com recuo da gasolina internacional
16-10-2025

Cenário estrutural do mercado segue apertado do lado da oferta, especialmente para o biocombustível de cana

Por Andréia Vital

O etanol hidratado encerrou setembro com preço médio de R$ 2,82/L (sem impostos) em Paulínia - SP, registrando alta de 3% na média mensal, para R$ 2,85/L. De acordo com o Agro Mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA, apesar da recuperação inicial, o biocombustível perdeu fôlego no fim do mês, pressionado pela queda dos preços internacionais de energia, em especial da gasolina, que reduziu a competitividade do etanol nas bombas.

De acordo com o relatório, há indicações de que os preços do combustível fóssil no mercado interno, no nível de refinaria, ainda podem recuar entre 5% e 10%. Esse movimento reflete o descompasso entre as cotações internacionais e domésticas, abrindo espaço para eventuais ajustes negativos pela Petrobras.

O cenário estrutural do mercado segue apertado do lado da oferta, especialmente para o etanol de cana-de-açúcar. A menor disponibilidade de matéria-prima e a redução no mix destinado à produção do biocombustível indicam menor volume total na safra 2025/26.

Mesmo com o avanço da produção de etanol de milho, o incremento não deve compensar a queda do etanol de cana, mantendo o quadro de oferta restrita. Essa limitação de produção, combinada à desvalorização da gasolina no mercado internacional, tende a reduzir a competitividade do etanol nos postos, elevando a paridade de preços entre os combustíveis.

Os analistas do Itaú BBA destacam que o primeiro contrato futuro de gasolina nos EUA (CME RBOB), convertido em reais, estava em R$ 2,62/L no início de outubro, enquanto a gasolina vendida pela Petrobras em Paulínia era cotada a R$ 2,85/L. Essa diferença sugere potencial de ajuste para baixo nos preços domésticos, ainda que a política de preços da estatal envolva múltiplos fatores.

Diante desse cenário, produtores de etanol têm acelerado as vendas, buscando antecipar negociações antes de uma possível correção da gasolina. Essa postura explica a pressão baixista recente, mesmo em um ambiente de fundamentos que, à primeira vista, indicariam tendência de alta.

Apesar das oscilações de curto prazo, o Itaú BBA reforça que caso não haja ajuste significativo nos preços da gasolina nos próximos meses, o potencial de valorização do etanol durante a entressafra aumenta.

Isso porque o mercado entraria em um período de estoques reduzidos e menor produção, condições que normalmente sustentam os preços. Assim, o relatório conclui que, no curto prazo, o risco é de queda pontual, mas no médio prazo, caso o cenário da gasolina se estabilize, o etanol pode retomar trajetória de valorização, especialmente no início de 2026.