Etanol sobe 10% e surpreende motoristas
03-02-2015

Na região que mais produz etanol no país, o preço do combustível nas bombas teve alta de 10%, mesmo índice registrado para a gasolina.

O reajuste na manhã desta segunda-feira (2) pegou de surpresa alguns consumidores de Ribeirão Preto, que esperavam a valorização apenas do diesel e da gasolina.

Ambos tiveram aumento após o reajuste das alíquotas da PIS e da Cofins, que entrou em vigor no domingo (1º).

O governo federal não havia determinado, no entanto, que o aumento dos tributos incidisse também no etanol.

Nas bombas, o preço do litro do álcool saltou de R$ 2,054 para R$ 2,279.

Já a gasolina passou de R$ 3,052 para R$ 3,379, e o diesel, de R$ 2,517 para R$ 2,99, segundo levantamento feito pela Folha em dez postos de combustíveis com bandeira, além de dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo).

Dados do Cepea (Centro de Estudo Avançado em Economia Aplicada), da USP, apontam que, entre os dias 2 e 30 janeiro, houve aumento de R$ 0,10 no preço do etanol hidratado nas usinas. Subiu de R$ 1,2804 para R$ 1,3872, valor praticado atualmente.

"Houve essa alta e está sendo repassada. Agora, como o preço é livre, há postos que decidem aumentar o valor ainda mais", disse José Alberto Gouveia, presidente estadual do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo).

Ele afirmou que o reajuste do etanol, como ocorreu em Ribeirão, não está sendo praticado em todo o Estado.

Segundo Oswaldo Manaia, presidente regional do Sincopetro, os postos não haviam repassado o reajuste de R$ 0,10 vindo das distribuidoras.

"Os postos estão cobrando a margem que estavam perdendo", afirmou.

Além disso, conforme ele, era previsível que houvesse aumento do preço nesse período, de final de entressafra.

Neste ano, a moagem da cana nas usinas da região centro-sul do país deve ser iniciada em março --até lá, Manaia diz acreditar que os preços não deverão subir mais.

"Quando começar a safra, a oferta aumenta, e os preços tendem a cair."


Surpresa

O aumento do preço do etanol pegou de surpresa a professora de inglês Maria Inês Franco Teixeira, 45.

Ela, que mora em Ribeirão e leciona em Bebedouro, disse que a alta não estava prevista --e, por esse motivo, não pôde encher o tanque do carro, como faz semanalmente.

Já o auxiliar administrativo Gustavo Andrade, 32, afirmou que deixou de abastecer o carro com etanol na segunda. "Enquanto o preço do etanol continuar subindo, vejo vantagem apenas na gasolina", afirmou.

Procurada, a assessoria de imprensa do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) informou que não irá se manifestar, pois o aumento é de responsabilidade das distribuidora e dos postos de combustíveis.

Gabriela Yamada