EUA cobram reciprocidade do Brasil no comércio de etanol
30-10-2025
Ted McKinney, CEO da Nasda, critica barreiras ao biocombustível americano e diz que relação comercial “não é justa”
O debate sobre acesso ao mercado de etanol reacendeu durante o World Meat Congress (WMC) 2025, realizado em Cuiabá - MT. Em entrevista ao Agro Estadão, o executivo Ted McKinney, diretor-presidente da Associação Nacional de Departamentos Estaduais de Agricultura dos Estados Unidos (Nasda), afirmou que o comércio entre Brasil e EUA tem sido “desequilibrado e sem reciprocidade” no segmento de biocombustíveis.
Segundo McKinney, as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos agrícolas de outros países visam garantir “comércio justo”, mas a situação do etanol com o Brasil estaria fugindo a esse princípio. “Somos parceiros de longa data, compartilhamos tecnologias e visões de desenvolvimento. No entanto, temos enfrentado barreiras contínuas ao etanol americano, enquanto o produto brasileiro já tem acesso consolidado a partes do nosso mercado”, disse.
O executivo classificou a situação como um exemplo de assimetria comercial. “Temos tentado há anos obter entrada plena no mercado brasileiro de etanol, sem sucesso. Do ponto de vista dos agricultores norte-americanos, essa ausência de reciprocidade representa um comércio injusto, e isso precisa ser corrigido”, afirmou.
A declaração de McKinney ocorre em meio a uma nova fase das relações bilaterais no agronegócio, marcada tanto pela cooperação tecnológica — especialmente em biocombustíveis e sustentabilidade — quanto por disputas de competitividade entre os dois maiores produtores de etanol do mundo. Enquanto o Brasil mantém liderança na produção de etanol de cana, com forte apelo ambiental, os Estados Unidos dominam o etanol de milho, representando mais de 60 bilhões de litros anuais.
A discussão sobre reciprocidade tarifária volta à tona em um momento de transição energética global e de expansão das políticas de descarbonização, nas quais etanol, biometano e SAF (combustível sustentável de aviação) ganham protagonismo. Para McKinney, remover barreiras e ampliar o diálogo seria essencial para “reestabelecer um comércio verdadeiramente equilibrado” entre as duas potências do setor bioenergético.
Redação com informações da Agro Estadão

