Expectativa do Itaú BBA para a safra canavieira 2021/22
18-06-2021

Estimativa é de que a produtividade média até o final da safra seja de 72,5 toneladas de cana/ha, representando queda de 6,8% comparado com a safra 2020/21

A expectativa da área de agronegócio do Itaú BBA é que a safra canavieira 2021/22 carregue uma herança difícil deixada pela safra anterior na questão produtiva, que deverá ser menor tanto em volume quanto em qualidade da cana.

O período seco de 2020, que foi essencial para o aumento de ATR na safra anterior, causou atraso no desenvolvimento da cana que será colhida na safra 2021/22. Além disso, a expectativa de que o verão mais chuvoso recuperaria as condições do canavial foi frustrada, pois nos meses de fevereiro a abril de 2021 as chuvas também foram abaixo da média do período.

Com base no cenário atual de clima e considerando que nos próximos meses o padrão seco seguirá presente no cinturão canavieiro, o que é normal para o período, nossa estimativa é de que a produtividade média até o final da safra seja de 72,5 toneladas de cana/ha, representando queda de 6,8% comparado com a safra 2020/21. Isso somado à maior intenção de plantio de cana de 18 meses, que consequentemente reduz a área disponível para colheita, nos faz prever um volume disponível para moagem no Centro Sul de 560 milhões de toneladas, 7,5% abaixo da safra anterior.

Em relação ao mix de produção, as altas das cotações do açúcar em reais, na esteira do dólar valorizado e do ambiente de déficit global do adoçante, estimularam a fixação antecipada das usinas brasileiras de tal modo que antes do início da moagem cerca de 85% do açúcar da safra já havia sido comercializada. Com isso, a estimativa de mix do adoçante é de 46,5% (com uma rigidez maior diante das fixações), com produção de 34,5 milhões de toneladas de açúcar.

Para a safra global de açúcar 2021/22, que tem início em outubro de 2021 e termina em setembro de 2022, nossa estimativa é de mais um ano de déficit. Do lado da produção mundial, a perspectiva, com exceção do Brasil, é de que os principais países produtores aumentem a oferta de açúcar comparado à safra atual.

Na Tailândia, com o açúcar voltando a remunerar o produtor mais do que a mandioca e considerando que as monções venham dentro da normalidade, haverá aumento de área de plantio de cana e, consequentemente, maior produção de açúcar. A estimativa de produção é de 9,9 milhões de toneladas, 30% acima da safra anterior.

No caso da Europa, após os problemas com o vírus amarelo na safra 2020/21, alguns países liberaram para a próxima temporada o uso emergencial dos neonicotinóides, o que gerou a expectativa de que a produtividade voltaria aos patamares normais. Porém, no mês de abril, as baixas temperaturas prejudicaram as beterrabas que já estavam plantadas, e em alguns casos até necessitando replantio, o que poderá afetar a produção final de açúcar. Ainda assim, a estimativa é que o total produzido alcance 16,3 milhões de toneladas, crescimento de 5,8% sobre a safra anterior.

A produção da Índia na temporada 2020/21 foi boa, e a expectativa é de que haja um ligeiro acréscimo de 200 mil de toneladas na safra 2021/22. Mesmo assumindo o crescimento mais forte da oferta mundial de açúcar, o aumento de consumo mundial de 1,1%, ainda abaixo da média histórica, tende a fazer com que o balanço global siga em déficit na safra 2021/22, de aproximadamente 0,9 milhão de toneladas. Diante disso, a nossa expectativa é de que os preços do adoçante no mercado internacional deverão seguir firmes.

Entretanto, é importante ter no radar que o desequilíbrio de mercado projetado é baixo, o que sugere que qualquer mudança na safra dos principais países produtores ou um recrudescimento da pandemia, que impactaria a demanda, pode alterar a direção das cotações.

Para o consumo de combustível, considerando a forte queda em 2020 causada pelas medidas restritivas da pandemia, o Itaú BBA estima um cenário de melhora este ano, com crescimento de 7% no consumo do Ciclo Otto. Com a oferta de etanol mais enxuta, o consumo de hidratado perderá participação enquanto o anidro terá uma relevância maior juntamente com a gasolina. Além disso, os preços de hidratado na bomba seguirão a paridade com a gasolina C, próximos dos 70%, durante praticamente a safra inteira. Portanto, em um cenário de elevada paridade entre etanol e gasolina, câmbio ainda desvalorizado e assumindo que os preços do petróleo também possuam pouco espaço para quedas significativas, as cotações do etanol deverão flutuar em patamares superiores aos do ano passado.

Fonte CanaOnline com informações relatório Agro do Itaú BBA