Experimento demonstra que controlar Sphenophorus levis via irrigação é mais vantajoso do que utilizar corte de soqueira
19-11-2024

Conduzido pela Netafim, estudo mostra que utilizar os sistemas de injeção de água para aplicar inseticidas resulta em maior eficiência de controle sem causar danos às soqueiras
Por Leonardo Ruiz
O avanço do Sphenophorus levis pelos canaviais brasileiros tem sido motivo de preocupação para o setor. Em 2017, cerca de 1,2 milhão de hectares estavam tomados pela praga. Este ano, o número estimado é de 3,5 mi/hectares, volume que corresponde a 35% das lavouras de cana-de-açúcar do Brasil.
Para especialistas, o cenário é bastante grave. A rápida evolução da praga, especialmente nos dois últimos anos, é um indicativo de que ela pode vir a atingir níveis muito mais prejudiciais à cultura, levando inclusive ao colapso de algumas plantações, uma vez que seu potencial de danos pode chegar a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare ao ano, o que representa quase 40% da produção média do cultivo.
Um dos motivos que explica o rápido alastramento dessa praga é seu dificil controle. Por conta disso, é recomendado a adoção de um manejo que englobe diversos métodos, como destruição das soqueiras, eliminação de “tigueras”, aplicação de inseticidas em barra total e em PPI (Pré-Plantio Incorporado), preparo de solo adequado, rotação de culturas e utilização de mudas com sanidade comprovada.
Estima-se que cerca de 3,5 milhões de hectares de canaviais estejam tomados pelo Sphenophorus levis nesta safra
Foto: Banco de imagens
Já a manutenção das populações em níveis aceitáveis está intimamente ligada ao controle químico, comumente realizado na modalidade de corte de soqueira, em que parte da calda é injetada de 8 cm a 12 cm dentro das socarias. O problema é que esse método pode causar danos significativos aos canaviais, reduzindo a população de colmos e a produtividade da cultura. No entanto, como os prejuízos causados pela praga suplantam esses danos, o setor opta por seguir com o método.
Pensando em manter a eficiência do controle do Sphenophorus levis, mas sem causar danos à cultura no processo, a Netafim conduziu um experimento para avaliar os benefícios da aplicação de inseticidas para o controle da praga via sistema de irrigação por gotejamento.
Cortador de soqueiras é o método mais utilizado para manter as populações de Sphenophorus levis em níveis aceitáveis. No entanto, implemento pode causar danos às socas
Foto: Banco de imagens
O experimento foi conduzido em uma propriedade da região paulista de Mococa, em uma área de segundo corte plantada com a variedade IAC95-5094 e com nível de infestação de 8,8% de tocos atacados. O ensaio foi dividido em três tratamentos: (A) testemunha, (B) aplicação de Tiametoxam + Lambda-cialotrina com cortador de soqueira e (C) aplicação de Tiametoxam + Lambda-cialotrina via sistema de irrigação.
No tratamento B, o produto foi aplicado com cortador de soqueiras de três linhas, um mês após a colheita, em volume de calda de 200 L/ha. Já no tratamento C, o inseticida foi aplicado cerca de 40 dias após a colheita, com água de irrigação e em lâmina correspondente a 4mm.
Distribuição dos tratamentos do experimento conduzido pela Netafim
Foto: Divulgação Netafim
Segundo o especialista agronômico da Netafim, Daniel Pedroso, as áreas tratadas com o inseticida registraram redução dos danos em relação à testemunha: 18% na parcela aplicada com cortador de soqueiras e 23% na parcela que recebeu o produto via irrigação. “Esses valores representam a eficiência do inseticida na diminuição dos prejuízos causados pela praga, em função da redução das formas biológicas do inseto.”
No entanto, ressalta que, embora o nível de controle dos dois tratamentos tenha sido semelhante, a produtividade da área tratada via irrigação foi superior, com mais colmos por metro linear. “Esses dados sugerem que a operação de corte de soqueira pode ter causado danos à soca, resultando em menor produtividade agrícola do que nas parcelas tratadas via irrigação.” Lembrando que toda a área do experimento, inclusive a testemunha, foi irrigada via gotejamento, portanto, os ganhos de produção do sistema irrigado se fizeram presentes nas três parcelas do estudo.
Daniel Pedroso: “Além de não danificar às soqueiras, aplicação de inseticidas via sistema de gotejamento auxilia grandemente na redução dos custos de produção”
Foto: Divulgação Netafim
O especialista agronômico da Netafim destaca que, além de não danificar a soqueira, a aplicação de inseticidas via sistema de gotejamento impactou positivamente nos custos de produção. “Ao eliminar o uso de tratores, diminuiu os gastos com operadores e óleo diesel, itens que oneram demasiadamente o caixa das empresas. Sem falar que a operação será mais sustentável, resultando no aumento do número de Créditos de Descarbonização (CBIOs) gerados, que este ano estão sendo comercializados, em média, a R$ 90,00 a unidade.”
Nas últimas safras, a Netafim conduziu outros experimentos para verificar a eficácia da aplicação de defensivos agrícolas via sistemas de irrigação no controle de nematoides e cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata). Em todos os estudos, as áreas tratadas por gotejamento apresentam excelentes taxas de controle e menores custos em comparação às testemunhas e demais métodos de aplicação.